A história da Ogunjá: a ascensão e queda de uma das maiores empresas de ônibus de Salvador

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Por Emerson Pereira – Foto Carlos Casaes/CEDOC A Tarde

Em 20 de abril de 1989, nascia a Ogunjá Transportes, uma empresa que rapidamente se tornaria referência no transporte público de Salvador. Inicialmente com operação concentrada na antiga Estação Nova Esperança (ENE), a empresa expandiu sua atuação para a crescente região de Cajazeiras, onde chegou a deter quase 100% das linhas locais, consolidando-se como protagonista na mobilidade urbana da capital baiana no final do século XX.

A criação da Ogunjá integrou o ambicioso plano Transporte de Massa Salvador (TMS), idealizado pelo então prefeito Mário Kertész e posteriormente continuado na gestão de Fernando José. O objetivo era modernizar o sistema de ônibus na cidade, criando uma rede mais eficiente e adaptada ao crescimento populacional da época.

Com uma frota composta majoritariamente por veículos fabricados pela Volvo e Scania, com carrocerias da extinta Ciferal, a Ogunjá se destacou pelos chamados ônibus padrons e pelos articulados, os populares “sanfonas”, que marcaram época pela capacidade e inovação no transporte coletivo.

Entretanto, o cenário mudou drasticamente em meados dos anos 1990. Durante a gestão da ex-prefeita Lídice da Mata, a Ogunjá enfrentou uma grave crise financeira. Sem acesso a crédito e mergulhada em processos judiciais de busca e apreensão de veículos, a empresa viu sua frota se deteriorar rapidamente. No dia 16 de novembro de 1995, a operação foi oficialmente encerrada. As linhas da Estação Pirajá foram transferidas à empresa sergipana São Pedro, que mais tarde seria conhecida como Barramar.

O destino da frota foi dividido: parte foi adquirida por outras empresas de Salvador, parte retomada por instituições financeiras, e o restante foi abandonado em sua antiga garagem, nas proximidades da Estação Pirajá.

Quase três décadas após sua extinção, a memória da Ogunjá permanece viva no imaginário dos soteropolitanos. Seus articulados ainda são lembrados com nostalgia nas redes sociais, como símbolos de uma época em que o transporte público tentava se reinventar diante dos desafios da urbanização e desenvolvimento soteropolitano.

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