O pedágio para caminhoneiros na BR-324/116, no trecho conhecido como Rota 2 de Julho, poderá saltar de R$185 para até R$700, mas sem qualquer investimento estrutural na rodovia pelos primeiros dois anos da nova concessão. A medida levanta sérias preocupações sobre o impacto na mobilidade e na segurança viária, especialmente diante de uma estrada que já sofre com gargalos críticos.
A informação foi confirmada na última terça-feira (20), durante a quarta e última sessão da Audiência Pública nº 2/2025 da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), em Brasília. Segundo o plano apresentado, o reajuste da tarifa será progressivo: caminhões de cinco eixos pagarão R$580 no segundo ano e R$700 a partir do sétimo. Além disso, o número de praças de pedágio será dobrado, aumentando ainda mais o custo e potencialmente a lentidão nas viagens.
Enquanto isso, a ausência de investimentos significativos nos dois primeiros anos da concessão tende a agravar os já existentes problemas de mobilidade: congestionamentos frequentes, pontos críticos de risco de acidentes, desgaste do pavimento e falta de infraestrutura adequada para escoamento de cargas e deslocamento de passageiros. A previsão é que, nesse período inicial, sejam realizadas apenas ações emergenciais de recuperação de pavimento, sinalização e segurança viária, sem obras estruturantes que de fato melhorem o fluxo de veículos ou ampliem a capacidade da rodovia.
Especialistas alertam que esse cenário pode resultar no aumento dos congestionamentos, principalmente em áreas urbanas e de entroncamento logístico, além de elevar o tempo e o custo do transporte de mercadorias, com reflexos diretos na economia regional. A modernização completa da estrada, incluindo a construção de uma terceira faixa nos dois sentidos, está prevista apenas para os seis anos seguintes, o que prolonga a situação de precariedade.
O presidente da Associação Nacional de Usuários de Transporte de Cargas (ANUTC), André Siqueira Aguiar, criticou duramente a medida: “O pedágio vai ficar de quatro a seis vezes mais caro, sem que haja contrapartidas imediatas. O impacto para o setor será enorme, mas quem vai sofrer mesmo são os usuários, que continuarão enfrentando congestionamentos e riscos em uma estrada sobrecarregada e mal conservada.”
Em defesa do modelo, o superintendente de Concessão da Infraestrutura da ANTT, Marcelo Fonseca, afirmou que as contribuições recebidas na audiência pública foram importantes para o cronograma de obras e o equilíbrio tarifário. Ele também garantiu que o contrato seguirá padrões socioambientais internacionais e terá penalidades claras em caso de descumprimento.
Ainda assim, motoristas, transportadoras e especialistas em mobilidade seguem apreensivos com o aumento da tarifa sem a imediata melhoria da infraestrutura. O temor é que a BR-324, fundamental para o escoamento de cargas e a mobilidade intermunicipal, permaneça como um gargalo logístico, afetando o transporte de mercadorias, encarecendo produtos e comprometendo a segurança viária.