O fim de uma era: quando os navios ligavam Salvador ao Recôncavo

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Por Emerson Pereira – Fotos @Amoahistoriadesalvador

Construído na Alemanha em 1962, o navio Maragogipe foi, por décadas, um elo fundamental entre Salvador e as cidades do Recôncavo baiano. Partindo da antiga estação da “Baiana”, no Comércio, a embarcação cruzava a Baía de Todos-os-Santos em um percurso que unia o charme das águas tranquilas ao pulsar da vida interiorana. No trajeto, passava por Salinas da Margarida, Barra do Paraguaçu e seguia até São Roque do Paraguaçu, onde fazia seu ponto final.

A linha marítima não se restringia apenas ao Maragogipe. Outras embarcações, como o João das Botas e o Paraguaçu, também marcaram presença nesse sistema que, além de transportar passageiros, carregava histórias, memórias e afetos.

Imagem cedida pela página @amoahistoriadesalvador

No entanto, a partir dos anos 1990, o cenário começou a mudar. A gestão estadual passou a demonstrar pouco interesse em manter a operação, que enfrentava a concorrência crescente do sistema Ferry-Boat. Aos poucos, os usuários migraram: quem seguia para Salinas passou a usar o Ferry até Bom Despacho e de lá completava a viagem de ônibus; já os passageiros com destino a Maragojipe adotaram as linhas rodoviárias.

Imagem cedida pela página @amoahistoriadesalvador

O desfecho veio em meados daquela década, no ano de 1997, quando as viagens marítimas foram oficialmente extintas, mesmo ainda mantendo duas saídas diárias. O Maragogipe, símbolo dessa era, acabou esquecido na cidade que lhe deu nome. Submerso, tornou-se uma espécie de monumento silencioso, visível apenas quando a maré baixa permite.

Imagem cedida pela página @amoahistoriadesalvador

Mais do que uma embarcação, o navio representava uma conexão cultural e afetiva entre a capital e o Recôncavo. Hoje, sua ausência evoca não apenas a memória de um serviço de transporte, mas a lembrança de um tempo em que navegar era também uma forma de viver a Bahia.

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