Mobilidade Urbana: Soluções para uma Cidade Sustentável

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Por Fabrizzio Müller

A melhoria definitiva da mobilidade em uma grande cidade é pública e coletiva. Obras e intervenções viárias são importantes, porém são paliativas e não resolvem os problemas de forma definitiva. Salvador, por exemplo, passou por uma transformação na última década. Sem as obras realizadas e as mudanças no trânsito, a cidade estaria “infartada”. Quem pode dizer que o mergulho da Magalhães Neto não melhorou os congestionamentos da região ou que o BRT não trouxe melhorias para a área mais conturbada da cidade, a região do Iguatemi?

As obras são necessárias, mas não resolvem de forma definitiva os problemas. Em 2000, Salvador tinha pouco mais de 370 mil veículos registrados. Em 2025, já ultrapassamos a casa de um milhão e duzentos mil veículos. Com esse crescimento da frota, nenhuma obra consegue manter seu desempenho operacional ad eternum. E para aqueles que defendem novas obras no lugar das que já não surtem efeito, lembra-se que o espaço viário é finito.

A solução é pública e coletiva, ou seja, mais pessoas usando transporte público coletivo e menos carros individuais. Será que apenas investir em qualidade e modernizar o transporte público é suficiente para estimular o uso de quem tem a opção do carro particular? Muitos dizem que sim, mas eu aposto que não. Em primeiro lugar, sempre será mais confortável sair de casa no carro particular, mesmo enfrentando congestionamentos. Em segundo lugar, a segurança, principalmente diante da violência urbana. A melhoria da oferta e do serviço de transporte público, junto com a segurança, são condições para essa mudança, mas se não forem associadas a uma forte política de restrição ao uso do carro, não resolverão.

Muitas cidades ao redor do mundo já adotam essa abordagem. Elas possuem um transporte público eficiente, limpo, pontual e barato, mas também controlam a demanda do veículo particular por meio de taxas de congestionamento, pedágios urbanos, redução de vagas de estacionamento ou cobrança de valores altos para o estacionamento rotativo. Um exemplo recente é o pedágio urbano na ilha de Manhattan, em Nova York, onde os congestionamentos aumentaram significativamente nos últimos anos. Outro exemplo é a decisão da prefeita de Paris de retirar 60 mil vagas de estacionamento “on street”, visando reduzir viagens de veículos individuais. Em Amsterdã, para estacionar o carro na sua rua, um residente precisa de um “Parking Permit” concedido pela prefeitura, com uma espera média de 8 anos.

Essas medidas não são fáceis para nenhum prefeito. São políticas antipáticas e impopulares. Porém, acredito que daqui a alguns anos, serão tão necessárias e urgentes que não haverá outro caminho.

Aguardemos.

1 COMMENT

  1. Engraçado, quando estava na TRANSALVADOR parecia que priorizava o transporte individual. Foi pra SEMOB e pareceu que não priorizou o transporte público, inclusive nas regiões de Vale e nos bairros periféricos e suburbana.
    Agora que não está mais na gestão pública fala dessa maneira??

    Eu acredito que ainda dá tempo de vc voltar pra SEMOB e fazer tudo isso aí juntamente como vc tá falando na página.

    É apenas uma opinião.

    Boa sorte.

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