Mobilidade em Salvador: eficiência técnica ou praticidade para o passageiro?

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Por Emerson Pereira – Foto Ícaro Chagas

A reorganização do transporte público de Salvador, iniciada em 2017 com a expansão do metrô e a reestruturação das linhas de ônibus, trouxe mudanças profundas no deslocamento da população. A aposta do poder público foi clara: priorizar a integração entre ônibus e metrô, substituindo gradualmente linhas diretas entre bairros e o centro por trajetos voltados aos terminais.

Do ponto de vista técnico, a medida buscou racionalizar custos, evitar sobreposição de linhas e estimular o uso do sistema metroviário. Mas, para quem depende diariamente do transporte coletivo, a experiência nem sempre se traduz em eficiência prática. A ausência de linhas interbairros — aquelas que conectam diferentes regiões sem a necessidade de baldeação — é uma das maiores queixas de usuários.

Nos últimos dias, moradores de Valéria voltaram a levantar essa discussão ao solicitar a retomada da linha Valéria x Base Naval (São Thomé de Paripe), que existia no passado. O trajeto de cerca de 10 km poderia ser percorrido em cerca de 30 minutos, mas hoje, para chegar à praia suburbana, os passageiros precisam ir até o Terminal Águas Claras e de lá pegar outro ônibus, o que facilmente transforma a viagem em um deslocamento de até 1 hora.

Esse exemplo expõe uma questão central para a mobilidade de Salvador: o que deve prevalecer, a lógica da eficiência técnica defendida pelo modelo de integração ou a praticidade exigida pelo passageiro no seu dia a dia?

A resposta, até aqui, segue em aberto. O sistema integrado, embora moderno e planejado para ser mais sustentável, ainda apresenta lacunas quando confrontado com demandas específicas de bairros e trajetos curtos. Enquanto isso, cresce a percepção de que ouvir os usuários pode ser tão importante quanto planejar tecnicamente o transporte. Afinal, é no tempo gasto entre um ponto e outro que se mede, de fato, a qualidade da mobilidade urbana.

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