Por Emerson Pereira – Feijão Almeida/GovBA
Mesmo sem entregar nenhum trecho concluído do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), o Governo da Bahia anunciou, nesta segunda-feira (21), uma nova etapa do projeto. O governador Jerônimo Rodrigues, acompanhado do ministro da Casa Civil, Rui Costa, assinou dois novos atos: um aditivo contratual para ampliar as obras do Lote 1, que compreende o trecho entre a Calçada e o Comércio, e o lançamento do edital para os sistemas de sinalização e telecomunicações dos três lotes do sistema.
O novo anúncio ocorre em meio à lentidão na conclusão das obras que foram anunciadas inicialmente em 2019 e agora tem previsão oficial de conclusão em 2028. Mesmo assim, o governo projeta um salto de modernização e integração do modal com outros sistemas de transporte da capital.
A expansão do Lote 1 incluirá seis novas estações em uma área estratégica que conecta a Calçada ao Comércio, com promessa de facilitar o acesso a pontos como a Feira de São Joaquim, o Instituto do Cacau e o Porto de Salvador. A proposta também contempla a integração com ônibus, metrô e transporte marítimo. Segundo o governador, o VLT deverá ter papel central na articulação entre mobilidade, segurança e serviços urbanos. “Vamos licitar obras de iluminação, sinalização e instalação de câmeras ao longo do trajeto, integrando o sistema à segurança pública e à gestão da prefeitura”, disse Jerônimo.
O ministro Rui Costa reforçou o discurso de impacto social e urbano do projeto: “O VLT vai mudar a mobilidade da cidade, interligando bairros da região portuária e garantindo dignidade a quem hoje enfrenta grandes dificuldades para se deslocar”.
Novos aportes e promessas tecnológicas
A ampliação do contrato do Lote 1 envolve um investimento de R$ 113 milhões, destinado a obras de drenagem no eixo entre a Calçada e o Terminal Turístico, passando pelo Hospital da Marinha e o Ferry-Boat. Já o edital de sinalização e telecomunicações prevê aporte de R$ 446 milhões — vindos do Orçamento Geral da União, com contrapartida estadual — para equipar os três lotes com tecnologias como Wi-Fi gratuito em 35 pontos, bilhetagem automática, painéis digitais em tempo real, câmeras com inteligência artificial e fibra óptica exclusiva para integração com o metrô. Todo o sistema será gerenciado remotamente.
Projeto ambicioso, cronograma indefinido
Coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur) e executado pela Companhia de Transportes do Estado da Bahia (CTB), o VLT de Salvador tem orçamento global estimado em R$ 5 bilhões. A previsão é de 36 quilômetros de extensão, com 34 estações e capacidade para atender cerca de 100 mil passageiros por dia.
O projeto, no entanto, ainda está em fase de execução inicial e dividido em três frentes simultâneas:
- Trecho 1: da Ilha de São João à Estação Calçada (16,7 km), sob o Consórcio Expresso Mobilidade Salvador;
- Trecho 2: de Paripe a Águas Claras (9,2 km), executado pelo Consórcio VLT Lote 2;
- Trecho 3: de Águas Claras a Piatã (10,5 km), com integração ao metrô no Bairro da Paz, a cargo do Consórcio Bahia Atlântico.
Apesar das expectativas e do discurso oficial, a ausência de entregas concretas até o momento levanta dúvidas sobre prazos, execução e continuidade. O anúncio de uma nova etapa, ainda que promissora, reforça a distância entre planejamento e realidade no transporte sobre trilhos da capital baiana.
