Brasil pode reduzir em 70% as emissões de transportes até 2050; Salvador se engaja

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Foto: Divulgação Motiva

Em meio aos preparativos para a COP30, em Belém (PA), a construção de um plano nacional para descarbonizar o setor de transportes ganhou destaque durante o Brazil Climate Investment Week 2025, evento que reuniu investidores, gestores de ativos, empresas e representantes governamentais na última quinta-feira (5), em São Paulo. Responsável por cerca de 11% das emissões de gases de efeito estufa do País, o setor foi apontado como um dos maiores vetores para a transição para uma economia de baixo carbono, com um potencial para atrair mais de R$ 600 bilhões em investimentos verdes para o Brasil.

Durante o painel “Concretizando o potencial do Brasil para prosperar em uma economia de baixo carbono: casos de sucesso”, a diretora de Sustentabilidade da Motiva, Juliana Silva, apresentou as principais conclusões de um estudo elaborado pela Coalizão para Descarbonização dos Transportes, que reúne terceiro setor, academia e mais de 50 entidades setoriais. A iniciativa prevê a redução de até 70% nas emissões do setor até 2050, por meio da implementação de 90 iniciativas.

“Estamos em um momento estratégico para o Brasil. Com a COP acontecendo aqui, o Brasil tem a oportunidade de liderar esse processo”, afirmou Juliana. Segundo ela, o projeto surgiu a partir de um desafio lançado pelo embaixador e presidente da COP30, André Corrêa do Lago, ao setor privado. “Nosso CEO, Miguel Setas, acolheu o convite e, junto ao CEBDS, à CNT e ao Observatório Nacional de Mobilidade Sustentável, estruturamos essa coalizão para propor caminhos concretos à descarbonização”, disse.

O estudo, iniciado em novembro de 2024 e lançado em maio de 2025, mapeou dados primários de emissões por modal, construiu um baseline setorial até 2050 e organizou as propostas em seis frentes: transporte rodoviário, ferroviário, aquaviário, aéreo, mobilidade urbana e planejamento transversal. As recomendações incluem revisão da matriz logística de transporte, ampliação da eletrificação de frotas e estímulo ao uso de biocombustíveis, aproveitando a matriz elétrica limpa do Brasil.

Salvador – Um dos exemplos práticos desse movimento vem da capital baiana. Salvador já iniciou a renovação gradual de sua frota de ônibus urbanos com veículos elétricos e híbridos, como parte de seu plano municipal de mobilidade sustentável. A cidade registrou, nos últimos dois anos, uma redução estimada de 12% nas emissões de gases poluentes do transporte público, graças à substituição de veículos antigos e à adoção de tecnologias mais limpas. A meta da prefeitura é atingir, até 2030, uma frota com pelo menos 30% de ônibus movidos a eletricidade, contribuindo diretamente para a meta nacional de descarbonização.

A proposta é que o documento seja incorporado ao debate regulatório e político, com contribuições efetivas à agenda climática nacional. “Esse é só o primeiro passo. O grande desafio agora é implementar, monitorar e garantir que ele seja um instrumento útil para o Brasil e para o mundo, especialmente na COP30”, afirmou a executiva.

No curto prazo, a expectativa é que o trabalho possa subsidiar a formulação das ações de descarbonização do setor de transportes no Plano Nacional sobre Mudança do Clima, a ser apresentado pelo governo federal na COP30. “A articulação da Coalizão mostra que soluções de impacto surgem da colaboração entre empresas, consultorias técnicas e representantes do setor”, destaca Juliana.

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