Fotos: Jefferson Peixoto/ Secom PMS
Texto: Nilson Marinho/ Secom PMS
A Transalvador promoveu, na tarde da última sexta-feira (16), no estacionamento do Salvador Shopping, uma roda de conversa com motociclistas que atuam na região como entregadores ou mototaxistas. O encontro marcou a campanha Vivo na Moto, que tem o objetivo reduzir os acidentes e salvar vidas na capital baiana.
Coordenada pela Gerência de Educação para o Trânsito da autarquia, a iniciativa integra o programa Vida no Trânsito e conta com a parceria da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e outras instituições que compõem o Comitê Vida no Trânsito de Salvador.
De acordo com a gerente de Educação para o Trânsito da Transalvador, Miriam Bastos, o objetivo da ação, que também vai acontecer em outros shoppings, é levar informação para os motoristas que são as principais vítimas de sinistros no trânsito da cidade.
“Só em 2024, eles representaram 51% dos acidentes nas estradas. Por isso, temos um programa exclusivo chamado Vivo na Moto, por meio do qual realizamos diversas ações e ciclos de palestras em empresas, além de ações pontuais como essa de hoje, dentro do shopping. Vamos até os motociclistas, promovemos palestras para explicar os principais fatores de risco”, explica Miriam.
Experiências – Durante o bate-papo com técnicos da Transalvador, os motociclistas compartilharam suas experiências e preocupações no trânsito. Daniela Brandão, de 44 anos, moradora de Itacaranha, foi uma das participantes. Há cinco anos atuando como entregadora, ela já sofreu dois acidentes, mas sem lesões graves. Ela lembrou que a imprudência no trânsito é um fato constante.
“Só hoje tomei duas fechadas. Um evento como esse serve para conscientizar. Porque não são só os motoristas de carro que erram, não. Tem muito motoqueiro imprudente também. Eu sou da categoria, vejo isso o tempo todo. Parece que tem uma disputa, sabe? Um quer ser mais do que o outro, aí buzina, quer passar por cima de você…”, relata.
Gilmar Santana, de 44 anos, também estava presente na roda de conversa. Natural de Santa Luzia do Itanhy, no interior de Sergipe, ele mora em Salvador desde 2014. Desde então, atua como mototaxista e entregador. Ele já sofreu um acidente grave e precisou ficar afastado do trabalho por três meses. Para Gilmar, falta respeito nas vias.
“Mesmo que você saiba pilotar direitinho, tem motorista que fecha os motoboys. Parece que tem preconceito, sabe? Nem todos, claro, mas muitos fecham os corredores. O pessoal prefere apertar e deixar o corredor cada vez mais estreito. Aí o motoboy tem que passar se encolhendo, espremido entre os carros. É complicado”, reclama.
O sergipano diz que eventos como o promovido pela Transalvador ajudam a conscientizar os motoristas a ter boas práticas no trânsito e assim evitar os acidentes. “Serve como incentivo. A Transalvador ensina as regras, fala sobre direção defensiva, sobre o que fazer em dias de chuva, que é quando a gente tem que ter mais cuidado ainda. Tem motoboy que acelera demais, mesmo com pista molhada. Mas a verdade é que tanto com o tempo seco quanto chuvoso, o risco de acidente é grande. E na chuva é pior ainda, é o dobro, o triplo”, lembra.
Dados – De acordo com dados da Transalvador, em 2024, a cidade registrou 2.980 acidentes de motos com vítimas feridas. Desse total, 65 não sobreviveram. Já nos primeiros quatro meses deste ano, 989 acidentes com feridos foram identificados. 24 deles com mortes, das quais 15 vítimas estavam sob duas rodas.
A Avenida Luís Viana Filho (Paralela) lidera os registros de vítimas com 106 casos, seguida da Av. ACM (82), Suburbana (49), Octávio Mangabeira (49) e Vasco da Gama (37).
A gerente de Educação para o Trânsito da Transalvador lembra que as ações realizadas pelo órgão estão alinhadas ao compromisso firmado pelo município com a Organização das Nações Unidas (ONU), que propôs a meta de reduzir em 50% o número de mortes no trânsito até o fim da década. Salvador já havia alcançado essa meta entre 2011 e 2020, com uma redução de 51% nas mortes antes mesmo do prazo.
“Agora, seguimos com esse compromisso na segunda década, com foco especial nos perfis que mais nos preocupam: os motociclistas, os mais sequelados em 2024, e os pedestres. A Transalvador, com essa ação e outras ao longo do ano, reforça esse compromisso de responsabilidade social com a ONU, com a legislação de trânsito e com a missão de salvar vidas”, finaliza Miriam.