Por Emerson Pereira – Elói Corrêa/GOVBA
O transporte público da Região Metropolitana de Salvador (RMS) enfrenta um dos momentos mais críticos das últimas décadas. Nos últimos anos, seis empresas abandonaram o sistema — VSA, BTM, Costa Verde, Nova Viação, Brisa e Cidade das Águas — deixando um rastro de instabilidade e incerteza para milhares de passageiros que dependem diariamente dos serviços. Todas atuavam em cidades estratégicas, como Lauro de Freitas, Camaçari, Dias D’Ávila e Candeias, pilares da mobilidade entre a capital e os municípios vizinhos.
Embora a crise econômica do setor de ônibus seja nacional, na RMS o problema foi agravado por decisões do Governo do Estado. A mudança na forma de distribuição das receitas entre os ônibus metropolitanos e o metrô é apontada como um dos principais fatores para o colapso. Empresas como VSA, BTM e Nova Viação não resistiram à redução do fluxo de caixa, enfrentando dificuldades para manter salários, fornecedores e manutenção, até decretarem falência. Outras, como Costa Verde, Brisa e Cidade das Águas, decidiram abandonar o sistema antes de um colapso irreversível, repassando suas linhas para tentar evitar interrupções ainda maiores.
No início de 2025, diante do risco real de paralisações generalizadas, o Governo do Estado liberou um repasse emergencial superior a R$ 30 milhões para as quatro operadoras que permaneceram no sistema. O aporte teve como objetivo assegurar a continuidade mínima da operação, mas especialistas avaliam que o recurso foi apenas paliativo e não atacou os problemas estruturais que há anos comprometem o transporte metropolitano.
Atualmente, a operação está concentrada nas empresas Avanço, Atlântico, Expresso Vitória e Expresso Metropolitano. Apesar de manterem as linhas em funcionamento, as reclamações dos passageiros aumentam constantemente. A idade média da frota é uma das principais queixas: muitos veículos têm quase 15 anos de fabricação, operando bem acima do recomendado para serviços metropolitanos e apresentando falhas recorrentes de manutenção, desde problemas mecânicos até questões relacionadas à acessibilidade e ventilação.
A irregularidade nos horários também é alvo de críticas, sobretudo em linhas essenciais para trabalhadores que dependem de deslocamentos longos entre os municípios. A superlotação nos horários de pico e a precarização visível de parte da frota reforçam a sensação de abandono. Soma-se a isso a percepção de falta de fiscalização por parte da Agerba, agência reguladora responsável por acompanhar e intervir quando necessário na qualidade dos serviços.
Com a saída de diversas empresas, frota envelhecida, operação reduzida e pressão crescente sobre as operadoras remanescentes, o sistema metropolitano vive um ciclo contínuo de deterioração. Passageiros de cidades importantes da RMS enfrentam diariamente atrasos, desconforto e superlotação, enquanto cresce a cobrança para que o Governo do Estado apresente um plano sólido e efetivo para reestruturar o transporte público e devolver qualidade mínima ao serviço que movimenta a economia e a rotina de toda a Região Metropolitana de Salvador.




