Por Emerson Pereira – Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Nesta quarta-feira (26), o mundo celebra o Dia Mundial do Transporte Sustentável, uma data criada para chamar atenção para a necessidade urgente de sistemas de mobilidade mais eficientes, menos poluentes e capazes de atender às demandas crescentes das cidades. Em um cenário em que o uso de veículos individuais continua avançando, o ônibus permanece como peça central da mobilidade urbana sustentável no Brasil, embora ainda enfrente desafios para competir com o carro e a motocicleta no cotidiano dos deslocamentos.
Dados da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) mostram que, ainda em 2018, o transporte individual ultrapassou o transporte coletivo no país, representando 30,3% e 24% das viagens, respectivamente. O desequilíbrio preocupa cidades e especialistas porque o aumento de carros e motos nas ruas contribui diretamente para o congestionamento, para o aumento do tempo de deslocamento e para a elevação das emissões de gases poluentes.
A comparação deixa claro o impacto desse cenário. Enquanto um ônibus convencional pode transportar cerca de 70 passageiros e um articulado chega a 126, a média nacional é de apenas 1,5 pessoa por carro e 1,1 por motocicleta. O resultado dessa diferença aparece também na poluição: segundo estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Ministério do Desenvolvimento Regional, o ônibus pode ser oito vezes menos poluente do que o automóvel quando analisadas as emissões de CO₂ equivalente por passageiro transportado.
O índice de emissão proporcional reforça a vantagem do transporte coletivo. O ônibus emite cerca de 4,6, enquanto o automóvel chega a 36,1 e a motocicleta a 20,3.
Ainda assim, o setor de mobilidade urbana não depende apenas de sua capacidade histórica. Iniciativas como o uso de biocombustíveis e a expansão da eletrificação das frotas prometem ampliar a redução de impactos ambientais e aproximar o transporte público de uma matriz mais limpa e eficiente.
Para marcar o Dia Mundial do Transporte Sustentável, o SóMob destaca 5 curiosidades que ajudam a entender como o ônibus faz parte da história e da inovação no Brasil.
5 curiosidades sobre o ônibus no Brasil
1. O primeiro ônibus brasileiro começou a circular em 1908
Muito antes de os carros se popularizarem, o Rio de Janeiro assistiu ao surgimento do primeiro “auto-ônibus” do país. Importado da França, o veículo ligava a Praça Mauá ao Passeio Público e transportava cerca de 20 passageiros. Na época, ver o ônibus passar era um evento – as pessoas paravam nas calçadas apenas para admirar a novidade movida a gasolina.
2. Já existiram ônibus movidos a carvão no Brasil
Durante a Segunda Guerra Mundial, a escassez de combustível exigiu soluções improvisadas. Muitos ônibus foram adaptados para rodar com gasogênio, um gás produzido pela queima de carvão ou lenha. O processo exigia atenção constante do motorista, que precisava alimentar o queimador durante o trajeto. Apesar das dificuldades, esses veículos garantiram o funcionamento do transporte urbano em um período crítico.
3. O Brasil já fabricou o maior ônibus do mundo
Em 2016, Curitiba apresentou o Gran Artic 300, da Volvo — um biarticulado de 30 metros capaz de levar até 300 passageiros. O modelo foi criado para corredores exclusivos de BRT, sistema que nasceu no Brasil e hoje é referência internacional, exportado para dezenas de países.
4. O bilhete eletrônico começou a ser testado no país em 1997
Antes da bilhetagem eletrônica, o vale-transporte em papel circulava tanto que virou quase uma “segunda moeda”. Para combater fraudes e melhorar o controle tarifário, a Empresa 1 iniciou, em 1997, os primeiros testes com cartões inteligentes, inaugurando a era da bilhetagem eletrônica no Brasil — um marco que transformou a mobilidade urbana.
5. Pagar a passagem com PIX já é realidade em várias cidades
Depois dos bilhetes de papel e dos cartões, a nova revolução é o PIX. Cidades como Florianópolis, Guarapari e Uberlândia já permitem pagar a passagem diretamente no validador por QR Code, sem cartão físico. A novidade segue a tendência global de digitalização, aproximando o transporte público do futuro.




