BRT e BRS: entenda as diferenças dessas siglas e por que Salvador aposta nos dois formatos

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Por Emerson Pereira – Foto Divulgação PMS

Desde 2022, Salvador opera seu sistema de BRT, estruturado com vias exclusivas, estações de pré-embarque, cobrança antes da entrada no veículo e ônibus articulados de alta capacidade. Agora, a Prefeitura se prepara para lançar, em 2026, um novo tipo de serviço: o BRS — Bus Rapid Service. A divulgação sobre esse novo formato tem causado dúvidas entre os usuários, muitos acreditando que o BRS seria um novo modal ou uma mudança profunda no transporte da cidade.

Na prática, o BRS é um modelo mais leve de serviço rápido. Enquanto o BRT depende de infraestrutura totalmente segregada e pré-embarque obrigatório em suas estações, o BRS funciona como um expresso urbano: combina trechos de trânsito misto com faixas exclusivas e pode ter diferentes formas de embarque ao longo do percurso.

No caso de Salvador, a linha B6 Lapa x Aeroporto deve inaugurar o formato. A expectativa é de que a mesma frota articulada do BRT seja utilizada no BRS, reforçando que a novidade está na operação — e não no tipo de ônibus. O grande diferencial é a flexibilidade: em pontos mais estruturados, poderá haver pré-embarque, mas em outros trechos o passageiro fará o pagamento diretamente ao motorista ou no validador interno, como acontece nas linhas convencionais. Isso permite reduzir custos e ampliar a velocidade do serviço sem necessidade de reconstruir completamente o corredor.

A cidade já tem linhas que, na prática, se aproximam de um BRS. Um exemplo é a B3 Rodoviária x Pituba, via Avenida Paulo VI, e a B2 Rodoviária x Rio Vermelho que alternam trechos em tráfego misto com faixas exclusivas, até acessar a via exclusiva para ônibus do BRT nas imediações do Itaigara. Operacionalmente, a lógica dessa linha é muito semelhante à proposta do BRS: prioridade em pontos estratégicos, paradas menos frequentes e uso inteligente da infraestrutura existente.

Com a chegada da B6, Salvador passa a combinar dois formatos dentro da mesma rede: o BRT, com corredor completamente dedicado e pré-embarque, e o BRS, que entrega eficiência com menor custo de implantação e maior flexibilidade operacional. Para o usuário, a principal diferença será percebida na forma de embarque e no ganho de tempo — mais rápido e previsível do que as linhas convencionais, embora menos padronizado que o BRT.

A adoção dessa dupla estratégia segue uma tendência presente em grandes cidades brasileiras: criar serviços de maior desempenho sem depender exclusivamente de grandes obras, garantindo que o transporte coletivo ganhe prioridade em uma malha urbana cada vez mais congestionada.

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