Por Emerson Pereira – Foto Joá Souza/GOVBA
Apesar de ter implantado o metrô de Salvador em 2013 e executado importantes obras viárias na capital baiana ao longo da última década, a mobilidade urbana sob responsabilidade do Governo do Estado da Bahia enfrenta dificuldades estruturais, operacionais e de gestão. Projetos estratégicos acumulam atrasos, indefinições e problemas de execução, enquanto sistemas essenciais seguem sem soluções consolidadas, impactando diretamente milhões de usuários na Região Metropolitana de Salvador.
Um dos exemplos mais emblemáticos é a Ponte Salvador–Itaparica. Anunciada como uma obra transformadora para a integração regional e logística do estado, a ponte enfrenta sucessivos atrasos desde a assinatura do contrato. O projeto, que já passou por revisões de cronograma e ajustes técnicos, segue sem avanço físico significativo, mantendo incertezas quanto aos prazos de início efetivo das obras e à entrega do empreendimento.
Situação semelhante ocorre com o VLT do Subúrbio Ferroviário. O modal, que substituiria o antigo trem, passou por uma longa indefinição conceitual. Inicialmente apresentado como um monotrilho elevado, o projeto foi posteriormente reformulado para um VLT em nível, o que exigiu novos estudos, readequações técnicas e revisões contratuais. O resultado foi a paralisação do avanço do sistema por anos, atrasando a oferta de um transporte estruturante para uma das regiões mais populosas da cidade.
No transporte metropolitano por ônibus, o cenário é de desorganização e instabilidade. Desde 2021, o sistema enfrenta uma crise marcada pela saída de diversas empresas operadoras, redução de frota, cortes de linhas e queda na qualidade do serviço. Passageiros relatam longos intervalos, veículos sucateados e dificuldade de deslocamento entre municípios da Região Metropolitana, evidenciando a fragilidade da gestão do sistema.
A crise é agravada pela ausência de uma licitação formal para o sistema metropolitano de ônibus. A operação ocorre de forma precária, sem contratos definitivos que estabeleçam obrigações claras de qualidade, investimentos e fiscalização. A falta de um processo licitatório compromete o planejamento de longo prazo e limita a capacidade do Estado de exigir melhorias estruturais das empresas operadoras.
Outro projeto que se arrasta sem definição é a mudança da Rodoviária de Salvador para a região de Águas Claras. Anunciada há alguns anos como parte de uma reestruturação logística da cidade, a transferência ainda não saiu do papel. O impasse envolve questões de infraestrutura, acessibilidade, integração com o transporte público e viabilidade operacional, mantendo a atual rodoviária em funcionamento mesmo diante de limitações já conhecidas.
Embora o Governo do Estado acumule entregas relevantes na área de mobilidade, o conjunto desses gargalos revela desafios persistentes na condução de projetos estratégicos, na coordenação institucional e na gestão dos sistemas de transporte. A superação desses entraves passa por maior previsibilidade, transparência e capacidade de execução, fatores essenciais para garantir um sistema de mobilidade mais eficiente, integrado e confiável para a população baiana.



