Quando o trem encontrava o ônibus: o passado esquecido do Terminal da Calçada

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Por Emerson Pereira – Foto Google Streetview

O Terminal da Calçada já foi um dos principais pontos de conexão da mobilidade em Salvador. Integrado ao antigo trem do Subúrbio, o espaço ligava a linha férrea urbana a diversas linhas de ônibus urbanas, circular e metropolitanas, servindo de elo entre a Cidade Baixa e outras regiões da capital.

Foto Acervo A Tarde

Em 1984, o terminal viveu seu auge com a criação do serviço “Integração Trem-Ônibus”, que conectava a Calçada ao Campo Grande. Era uma proposta moderna para a época, que tornava mais fácil o deslocamento de milhares de passageiros e representava um passo importante na tentativa de construir um sistema realmente integrado. Com o fim da operação, o local passou a receber linhas metropolitanas — entre elas, a histórica Praia do Forte x Calçada — até cair gradualmente no esquecimento.

Foto Rodrigo Vieira

Hoje, o terminal permanece praticamente desativado e sem qualquer plano de reaproveitamento. Apesar de estar em um ponto estratégico da cidade, o espaço segue fora do radar tanto da prefeitura quanto do governo estadual. A gestão municipal poderia, por exemplo, transferir para o local as linhas do STEC, atualmente concentradas na Baixa do Fiscal, ou transformá-lo em um terminal de integração para atender os bairros da Cidade Baixa. Já o governo do Estado poderia aproveitar a estrutura para alguma conexão com o futuro VLT, que deve passar pela região.

O caso da Calçada não é isolado. Terminais como o da Aquidabã e o da Praça da Sé também perderam protagonismo com o tempo, vítimas de decisões que priorizaram obras grandiosas em vez de requalificar o que já existe. Enquanto milhões são aplicados em novos terminais — muitos deles superdimensionados —, espaços históricos e funcionais permanecem abandonados, mesmo sendo muito mais barato recuperá-los e colocá-los novamente a serviço da população.

Entre memórias de um tempo em que trens e ônibus compartilhavam o mesmo destino, o Terminal da Calçada segue como símbolo de uma cidade que, ao investir no novo, esqueceu de valorizar o que já tinha pronto.

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