O preço do Tarifa Zero: números mostram desafios financeiros de um sistema gratuito em Salvador

0
101

Por Emerson Pereira – Foto Divulgação Govba

O debate sobre a implantação da Tarifa Zero em Salvador voltou a ganhar força após o prefeito Bruno Reis apresentar dados que evidenciam as dificuldades financeiras de custear um projeto dessa magnitude na capital baiana. A repercussão do tema levou leitores do SóMob a procurarem mais informações sobre o assunto — e, diante disso, reunimos alguns pontos que ajudam a ilustrar o cenário e os custos envolvidos em iniciativas desse tipo.

Um exemplo prático é o projeto piloto dos ônibus elétricos do Governo do Estado da Bahia, que desde 2022 operam gratuitamente em duas linhas ligando o Terminal de Pituaçu a municípios da Região Metropolitana de Salvador.

A iniciativa exigiu investimento inicial de R$ 44 milhões para a aquisição de 20 veículos — cada um ao custo de R$ 2,2 milhões. A operação foi licitada e vencida pela empresa Cidade Sol, com contrato de R$ 16,3 milhões nos dois primeiros anos, e custos por quilômetro rodado. Durante a operação, os veículos são recarregados no Estádio de Pituaçu, estrutura pertencente ao governo estadual, o que gera custos adicionais aos cofres baianos.

Vale lembrar que um dos ônibus foi incendiado na Avenida Suburbana, o que reforça os desafios de manutenção e segurança de um sistema que ainda é experimental.

Na época do lançamento, o governo estadual informou que o objetivo do projeto era coletar dados operacionais que permitissem avaliar a viabilidade técnica e econômica dos ônibus elétricos como alternativa aos veículos movidos a diesel.

Três anos depois, no entanto, o projeto não foi ampliado: a frota segue com os mesmos 20 ônibus e as mesmas duas linhas, sem expansão para outras regiões da RMS.

Esse panorama revela a complexidade e o alto custo operacional de uma operação gratuita. Se apenas 20 veículos demandam investimentos milionários, quanto custaria oferecer gratuidade para toda a Região Metropolitana, com cerca de 400 ônibus em circulação? Ou ainda, para os mais de 2 mil coletivos que operam em Salvador?

É importante reforçar: o SóMob não é contrário à Tarifa Zero, mas como um portal especializado em mobilidade, entende que é necessário debater o tema com base em dados e sustentabilidade financeira. Apoiar um projeto sem fontes claras de custeio e sem planejamento de longo prazo seria, no mínimo, irresponsável diante da realidade orçamentária do transporte público brasileiro.

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here