Por Emerson Pereira – Foto Washington Nery
Apesar dos testes bem-sucedidos com um ônibus 100% elétrico, Feira de Santana não deve avançar, ao menos por enquanto, com a aquisição desse tipo de veículo. A decisão expõe um dilema recorrente nas cidades brasileiras: como conciliar os altos custos da modernização da frota com a urgência de oferecer um transporte público mais sustentável e eficiente.
Segundo reportagem do Acorda Cidade, o principal obstáculo é financeiro. Um ônibus elétrico custa o dobro de um modelo convencional a diesel, sem contar a necessidade de uma infraestrutura de recarga — ainda inexistente na cidade. Isso significa que, além da compra do veículo, seria preciso investir em eletropostos, ampliando de forma significativa o gasto inicial.
O secretário de Mobilidade Urbana, Sérgio Carneiro, reconhece o impasse e afirma que, no atual cenário, as concessionárias do FeiraMob preferem adquirir mais veículos a diesel do que investir em apenas um elétrico. “Além do alto custo, tem a questão da necessidade de infraestrutura para carregamento das baterias. Então você teria que ter toda uma infraestrutura de eletropostos que se somariam ao investimento da aquisição”, pontuou.
Esse recuo acontece em um contexto em que Feira de Santana, a segunda maior cidade da Bahia, ainda enfrenta problemas estruturais básicos. As ruas, marcadas por buracos e crateras, e a frota de ônibus com idade média elevada geram críticas constantes de usuários do sistema.
A decisão, portanto, não é apenas técnica ou financeira: é política e estratégica. De um lado, está a possibilidade de investir em ônibus elétricos, que reduzem significativamente a emissão de poluentes, mas exigem recursos altos e planejamento de longo prazo. De outro, a manutenção do modelo a diesel, mais barato e de implantação imediata, mas que perpetua os problemas ambientais e a dependência de combustíveis fósseis.
O caso de Feira de Santana evidencia o dilema que muitas cidades brasileiras enfrentarão nos próximos anos: priorizar soluções sustentáveis de alto custo ou manter alternativas mais acessíveis, ainda que menos alinhadas às demandas ambientais e de modernização do transporte urbano