A montadora chinesa BYD, líder mundial em veículos elétricos, registrou no segundo trimestre de 2025 sua primeira queda de lucros em mais de três anos, refletindo os efeitos da intensa guerra de preços no mercado automotivo chinês. Segundo dados divulgados pela Reuters, o lucro líquido da empresa caiu 29,9% em relação ao mesmo período do ano anterior, totalizando 6,4 bilhões de yuans (aproximadamente US$ 895 milhões).
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Esse resultado negativo ocorre em um contexto de retração nas vendas domésticas, que apresentaram queda pelo terceiro mês consecutivo em julho. A BYD, que havia estabelecido a meta de comercializar 5,5 milhões de veículos em 2025, está a caminho de ficar mais de um milhão de unidades abaixo do objetivo.
O principal fator por trás da crise é o excesso de produção no setor automotivo chinês. Incentivadas por subsídios governamentais, diversas montadoras aumentaram significativamente sua capacidade produtiva, gerando um desequilíbrio entre oferta e demanda. Com mais veículos disponíveis do que consumidores, a competição tornou-se predatória, levando a cortes agressivos de preços que corroem as margens de lucro, inclusive das empresas mais consolidadas como a BYD.
A pressão do mercado interno tem levado a montadora a buscar alternativas no exterior. A BYD intensificou suas exportações para regiões como Ásia Central, Oriente Médio e Europa, onde os registros de novos veículos triplicaram em julho, atingindo 9.698 unidades na União Europeia. Apesar da expansão internacional, os desafios financeiros persistem. A empresa viu seu déficit de capital de giro aumentar para 122,7 bilhões de yuans até junho, e sua relação dívida/ativos subir para 71,1%.
Em resposta à crise, a BYD e outras montadoras chinesas assinaram um compromisso para garantir os pagamentos a fornecedores, sinalizando uma preocupação crescente com a estabilidade financeira do setor. Analistas apontam que a vantagem competitiva da BYD — baseada em escala, integração vertical e liderança tecnológica — está sendo corroída por fatores estruturais e pela intervenção governamental que busca conter a guerra de preços.
A situação atual da BYD ilustra os riscos de um crescimento acelerado sem controle de demanda, e levanta questões sobre a sustentabilidade do modelo de negócios adotado por diversas montadoras chinesas. A empresa, embora ainda seja uma potência global, enfrenta o desafio de equilibrar sua expansão internacional com a recuperação da rentabilidade em seu mercado doméstico.
Com informações do Garagem 360.
