Salvador intensifica combate a flanelinhas e expõe dilema do estacionamento público

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Por Emerson Pereira – Foto Divulgação Transalvador

A presença de guardadores ilegais, conhecidos popularmente como “flanelinhas”, continua sendo um dos grandes constrangimentos para motoristas em Salvador. Apesar de se tratar de uma prática antiga, que se espalha por diferentes regiões da cidade, a cobrança abusiva por vagas públicas desafia o poder público e gera insegurança para quem precisa estacionar.

Desde o início do ano, a Transalvador, em parceria com a Guarda Civil Municipal (GCM), tem reforçado as operações para conter essa prática. Em pouco mais de oito meses, já foram realizadas 47 ações, que resultaram em 180 abordagens, 146 coletes apreendidos e 365 notificações por estacionamento irregular. Além disso, seis pessoas foram conduzidas à polícia — quatro delas com mandados de prisão em aberto.

Segundo o superintendente da Transalvador, Diego Brito, o objetivo é garantir segurança e ordem nas vias. “A cobrança indevida pelo uso de áreas públicas é ilegal e não será tolerada. Queremos coibir condutas abusivas e assegurar um trânsito mais organizado e justo para todos”, afirmou.

As operações têm se concentrado em áreas estratégicas, onde o fluxo de veículos e pedestres é maior, como o Dique do Tororó, Jardim dos Namorados, Rio Vermelho, Barra, Comércio e Centro Histórico. Nesses locais, a atuação dos flanelinhas costuma gerar não apenas constrangimento, mas também um ambiente de insegurança que, segundo o inspetor-geral da GCM, Marcelo Silva, pode abrir espaço para crimes como furtos e roubos.

Zona Azul como alternativa

Em contraponto à prática ilegal, Salvador possui hoje mais de 15,5 mil vagas regulamentadas pela Zona Azul. O sistema, já consolidado em várias cidades brasileiras, permite a rotatividade de veículos em áreas de grande demanda. Desde 2018, a versão digital oferece ainda mais praticidade, permitindo a compra de créditos via aplicativos credenciados.

Atualmente, os valores variam de R$ 3 (2h), R$ 6 (6h) e R$ 9 (12h). A fiscalização alerta, porém, que apenas guardadores devidamente credenciados pelo sindicato da categoria podem intermediar a venda de tíquetes físicos.

O dilema do motorista

Na prática, o problema vai além da regulamentação: motoristas seguem expostos à pressão de guardadores ilegais, especialmente em regiões turísticas e comerciais. Muitos acabam pagando para evitar ameaças veladas, enquanto outros buscam alternativas digitais para escapar da abordagem.

Nesse cenário, o desafio da cidade é duplo: fortalecer a fiscalização contra a exploração ilegal e, ao mesmo tempo, garantir que o sistema da Zona Azul seja cada vez mais acessível e funcional. O embate com os flanelinhas, no entanto, mostra que Salvador ainda enfrenta dificuldades para democratizar o espaço público de forma justa e segura.

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