Contrastes dos Terminais: Enquanto passageiros se espremem em Águas Claras, Pituaçu segue vazio

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Por Emerson Pereira – Foto Fernando Vivas/GovBa

O sistema de transporte público de Salvador enfrenta um problema estrutural que vai além da qualidade da frota ou da frequência dos ônibus: a desigualdade na utilização de seus terminais. Enquanto alguns pontos de integração concentram diariamente milhares de passageiros em meio a filas e superlotação, outros seguem praticamente ociosos, sem cumprir o papel estratégico de organizar e facilitar a mobilidade urbana.

Nos terminais da Estação da Lapa, Pirajá, Mussurunga, Águas Claras e Acesso Norte, a cena se repete: usuários disputam espaço em plataformas estreitas e enfrentam a demora na chegada dos coletivos, em especial nos horários de pico. A sobrecarga desses equipamentos revela um gargalo operacional que impacta diretamente a qualidade do serviço prestado.

Por outro lado, estruturas como os terminais de Pituaçu e do Retiro seguem sem a devida valorização na rede. Juntos, eles não reúnem sequer dez linhas de ônibus, número muito abaixo da capacidade instalada. Essa discrepância chama atenção diante da realidade enfrentada por passageiros em pontos superlotados, que poderiam se beneficiar de uma redistribuição mais racional das linhas.

Outro exemplo de subutilização é o terminal de Campinas de Pirajá, construído pelo Governo do Estado. Mesmo com as obras concluídas há cerca de um ano, o equipamento segue fechado, sem previsão oficial de início de operação. A inatividade prolongada levanta questionamentos sobre planejamento e prioridades na gestão da rede de transporte.

Especialistas apontam que a ampliação de linhas em terminais pouco explorados poderia aliviar significativamente a pressão nos equipamentos mais movimentados, ao mesmo tempo em que ampliaria as opções de deslocamento para os usuários. Além disso, a criação de novas rotas ligadas a esses pontos estratégicos pode fortalecer a integração entre ônibus e metrô, tornando o sistema mais eficiente e equilibrado.

O cenário atual escancara a necessidade de repensar a lógica de distribuição das linhas e do uso dos terminais em Salvador. Sem um redesenho planejado, a cidade corre o risco de manter uma rede desequilibrada: de um lado, passageiros espremidos em estações saturadas; de outro, terminais modernos e ociosos, que poderiam contribuir para uma mobilidade mais racional.

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