Linhas com nomes desatualizados confundem passageiros do transporte público de Salvador

0
73

Por Emerson Pereira – Foto Ícaro Chagas

Os problemas do transporte coletivo em Salvador costumam ser associados a veículos lotados, atrasos e frota reduzida. Mas, para quem observa com atenção, há outro detalhe que chama a atenção: a permanência de nomes e referências que já não fazem sentido, seja por remeterem a locais inexistentes, seja por manterem códigos e apelidos de sistemas extintos.

Um exemplo claro é a linha 1053 Estação Mussurunga x Barra 3. O número faz supor que existam também “Barra 1” e “Barra 2”, mas essas denominações deixaram de existir há alguns anos, com a desativação das linhas 1051 (Barra 1) e 1052 (Barra 2). Ainda assim, o “Barra 3” permanece, sem relação prática com a nomenclatura anterior e sem qualquer explicação para o passageiro que não conhece a história.

Situação semelhante ocorre na Estação da Lapa, onde ainda sobrevivem os famosos “LB’s” – sigla para Lapa x Barra. Criado como um subsistema para integrar linhas que conectavam a estação ao bairro da Barra, o LB chegou a ter frota com identidade visual própria. Com a implantação do sistema Integra, essas linhas foram incorporadas ao sistema regular, mas a marca “LB” permaneceu popularmente associada a linhas como 0136, 0137 e 0138.

Talvez o caso mais emblemático seja o da linha 1363 Pau da Lima x Aeroclube/Costa Azul. O Aeroclube Plaza Show, referência comercial e de lazer, fechou as portas em 2014. Mais de uma década depois, o nome segue estampado nos letreiros dos ônibus e em aplicativos oficiais, apesar de o destino físico não existir mais.

A manutenção desses nomes e códigos desatualizados vai além da curiosidade: ela impacta diretamente a experiência do usuário. Para passageiros ocasionais ou turistas, a informação confusa pode gerar deslocamentos errados, aumento do tempo de viagem e até perda de conexões. Além disso, reforça a percepção de desorganização do sistema, em um momento em que o transporte público já enfrenta desafios para reconquistar usuários e transmitir confiabilidade.

No fim das contas, a nomenclatura das linhas é mais do que um detalhe estético: é parte fundamental da comunicação com quem depende do ônibus para se deslocar. E, como mostram os casos acima, ainda há um longo caminho para que a lógica e a atualização caminhem junto com a mobilidade em Salvador.

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here