Por Emerson Pereira – Foto Mairan Santos/Ônibus Brasil
A recente confirmação do encerramento das atividades das empresas Viação Regional e Viação Jauá, programada para 1º de setembro, gerou ampla repercussão entre os leitores do portal SóMob e usuários do transporte intermunicipal da Bahia. Entre os principais pontos levantados nas redes sociais está a preocupação com o avanço de um cenário de monopólio no setor, diante do crescimento acelerado de um mesmo grupo empresarial — responsável pelas viações Cidade Sol e Rota Transportes.
O comentário de um usuário no Instagram resume o sentimento de parte do público: “Se não tomarem pé disso, vamos ter uma única empresa operando nas linhas intermunicipais da Bahia. É sempre bom ter concorrentes com preços diversos e serviços diferentes, e não o monopólio.” A manifestação, que ganhou dezenas de curtidas, reflete o receio da perda de diversidade na prestação dos serviços e de queda na qualidade e competitividade.
Nos últimos anos, o grupo que controla a Cidade Sol e a Rota tem expandido significativamente sua atuação ao absorver empresas tradicionais como a Santana e a Camurujipe, tornando-se o maior operador do transporte rodoviário intermunicipal da Bahia. Com a possível incorporação das linhas da Regional e da Jauá, o domínio sobre rotas estratégicas do estado se ampliará ainda mais.
Concentração também avança no transporte metropolitano
A tendência não se limita ao transporte intermunicipal. No sistema metropolitano da Região Metropolitana de Salvador (RMS), também gerido pela Agerba, o cenário é semelhante. A Expresso Vitória, empresa que atua na região metropolitana, tem seguido o mesmo caminho: nos últimos anos, assumiu as operações da Costa Verde Transportes, da Brisa/Cidade das Águas e parte das linhas anteriormente operadas pela Bahia Transportes Metropolitanos (BTM). Hoje, é considerada o principal operadora do sistema metropolitano, atendendo cidades como Lauro de Freitas, Camaçari, Dias D´Ávila e Mata de São João.

Esse movimento levanta alertas para especialistas e usuários. A concentração de linhas nas mãos de poucos grupos tende a reduzir a concorrência, limitar a variedade de serviços, dificultar a regulação efetiva do setor e impactar diretamente a experiência do passageiro — especialmente em um contexto de reajustes tarifários e pouca transparência nas licitações e concessões.
Concorrência saudável é chave para qualidade e eficiência
Em um sistema de transporte público eficiente, a concorrência desempenha papel fundamental: estimula a melhoria da qualidade dos serviços, promove equilíbrio nos preços e amplia as opções para o usuário. Quando há monopólio ou domínio excessivo de mercado, o risco é que faltem incentivos para inovação, qualidade e atendimento ao interesse público.
A concentração atual — tanto no sistema intermunicipal quanto no metropolitano — impõe um desafio à atuação da Agerba, agência responsável por regular o setor. É essencial que o poder público atue de forma proativa para garantir um ambiente equilibrado, transparente e com oportunidades para novos operadores, assegurando que o transporte continue sendo um direito acessível, eficiente e plural.