Por Emerson Pereira – Foto Divulgação Transalvador
A motofaixa implantada recentemente em Salvador foi tema de destaque na Conferência Nacional de Segurança no Trânsito – Protegendo Vidas Sobre Duas Rodas, realizada ao longo desta semana em Brasília. Representantes da Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador) participaram do evento, promovido pela Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), que reúne especialistas, gestores públicos, representantes do setor privado e da sociedade civil para debater soluções para um dos maiores desafios da mobilidade urbana: a segurança dos motociclistas.
A conferência integra os esforços do Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans), que estabelece como meta a redução de 50% dos óbitos no trânsito até 2030. Entre as ações estratégicas do plano está o estímulo à adesão total ao uso do capacete – equipamento capaz de reduzir em até 40% o risco de morte e em 70% o de lesões graves, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Durante o evento, o superintendente de trânsito de Salvador, Diego Brito, ressaltou o potencial da motofaixa como ferramenta para a redução de acidentes envolvendo motociclistas, grupo que representa parcela significativa das vítimas fatais no trânsito. “A motofaixa em Salvador tem se mostrado uma iniciativa eficaz. Este é um espaço de troca de experiências, onde conseguimos discutir soluções práticas para um problema nacional e, ao mesmo tempo, levar para casa ideias inovadoras para aplicar na nossa cidade”, afirmou.
Já a engenheira Suraia Lago, gerente de projetos da Transalvador, apresentou os dados técnicos e operacionais que embasaram a criação da motofaixa na capital baiana. Segundo ela, os primeiros resultados são animadores. A aceitação entre os motociclistas chegou a 85%, e logo na primeira semana de implantação, 98% dos condutores já utilizavam corretamente o novo espaço. Os dados preliminares também indicam impacto direto na segurança viária: entre janeiro e junho de 2025, houve uma redução de 37% no número de mortes de motociclistas em comparação ao mesmo período de 2024 — 22 óbitos registrados neste ano contra 35 no anterior.

Para os gestores, a conferência representou um marco importante na consolidação da motofaixa como política pública, especialmente por reunir dados e experiências de outras capitais que também adotaram a medida. A expectativa é de que as evidências coletadas subsidiem a Senatran na formulação de uma diretriz nacional sobre o uso das motofaixas nos grandes centros urbanos.
Também participaram da comitiva de Salvador o diretor de trânsito da Transalvador, Antônio Neri, e a gerente de educação para o trânsito, Mirian Bastos. O grupo reforça que a segurança dos motociclistas deve ser tratada como prioridade estratégica, exigindo uma abordagem que combine engenharia, fiscalização e educação para o trânsito.
Ao destacar a experiência soteropolitana no cenário nacional, a motofaixa de Salvador se consolida não apenas como medida de organização viária, mas como símbolo de um esforço mais amplo pela preservação de vidas no trânsito.