Por Emerson Pereira – Foto Divulgação Marcopolo
A Marcopolo alcançou um marco simbólico em sua trajetória no Espírito Santo: a produção de 20 mil carrocerias de ônibus na planta de São Mateus, inaugurada há pouco mais de uma década. Mais do que um número redondo, o feito consolida a importância da unidade como polo industrial estratégico, sobretudo diante dos desafios atuais do transporte coletivo no Brasil — que exigem soluções mais eficientes, sustentáveis e adaptadas às realidades urbanas.
A comemoração veio acompanhada de uma entrega significativa: 40 novos ônibus urbanos, de um total de 137 unidades, foram incorporados ao sistema Transcol, que atende à Região Metropolitana da Grande Vitória. Com isso, a Marcopolo atinge 70% de participação nas renovações de frota da região em 2024, sinalizando não apenas sua força comercial, mas também o grau de confiança que conquistou junto ao poder público e às operadoras locais.
O modelo Torino — escolhido como veículo comemorativo e fornecido à Unimar — incorpora tecnologias alinhadas às demandas contemporâneas do setor: motorização Euro 6, que reduz drasticamente a emissão de poluentes; Wi-Fi embarcado; acessibilidade; e ar-condicionado. São atributos que respondem tanto à necessidade de atrair mais usuários ao transporte público quanto às metas ambientais que pressionam cidades e fabricantes.
Indústria como vetor de desenvolvimento regional
A escolha da cidade de São Mateus, no norte capixaba, como sede dessa planta se revela cada vez mais acertada sob o ponto de vista industrial. Desde 2014, a fábrica tem ampliado sua complexidade produtiva: começou com micro-ônibus da marca Volare e, a partir de 2019, passou a fabricar também ônibus urbanos. Em 2023, um novo salto foi anunciado: R$ 50 milhões em investimentos para modernizar a linha de produção e preparar a unidade para se tornar uma referência em ônibus elétricos — mercado em crescimento impulsionado por políticas de descarbonização.
A primeira unidade do modelo Attivi Integral, totalmente elétrico, saiu da linha de montagem de São Mateus em outubro do ano passado. A aposta no modal limpo e na diversificação da matriz energética coloca a Marcopolo em sintonia com um movimento global, que inclui iniciativas como a eletrificação do transporte público em cidades como São Paulo, Salvador e Curitiba.
Mais que produção: uma estratégia industrial de longo prazo
“O número de 20 mil unidades fabricadas representa mais do que produtividade: é a materialização de um compromisso industrial de longo prazo com o Espírito Santo”, resume Ricardo Portolan, diretor de operações comerciais da Marcopolo. A fala do executivo evidencia uma abordagem que vai além da entrega de veículos: há uma aposta estratégica no fortalecimento da cadeia produtiva local, com geração de empregos, capacitação técnica e atração de fornecedores.
O crescimento da unidade capixaba também expõe o papel das montadoras como agentes transformadores em regiões fora dos grandes polos industriais tradicionais do país. Em um momento em que o Brasil busca retomar sua capacidade produtiva e investir em mobilidade urbana de qualidade, a experiência de São Mateus se destaca como um exemplo de descentralização industrial bem-sucedida.
Com isso, a Marcopolo não apenas celebra uma marca histórica, mas reposiciona sua presença no mercado nacional como uma fornecedora de soluções completas para os desafios do transporte coletivo no século XXI.
