Senna Tower: impacto do maior prédio residencial das Américas levanta debate sobre mobilidade urbana em Balneário Camboriú

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A Senna Tower, futuro maior edifício residencial das Américas, promete transformar não apenas o horizonte de Balneário Camboriú (SC), mas também sua já desafiadora mobilidade urbana. Com mais de 500 metros de altura e 228 unidades de alto padrão, o empreendimento, idealizado em parceria pela família de Ayrton Senna, a FG Empreendimentos e a Havan, deve ser concluído até 2033, ao custo estimado de R$ 3 bilhões.

Foto: FG Empreendimentos/Divulgação

Apesar de prometer atrair visitantes com atrações como pista de kart, memorial do piloto e galerias de lojas e restaurantes, especialistas apontam para o risco de colapso no trânsito da região, que já enfrenta congestionamentos crônicos, especialmente na alta temporada. A oferta de 871 vagas de estacionamento, sendo 149 abertas ao público, é considerada um agravante para a engenheira Stéphane Domeneghini, responsável pelo projeto, um avanço para a infraestrutura turística. Já para o professor Carlos Barbosa, da Univali e presidente do CAU-SC, o número expressivo de vagas pode intensificar a saturação viária em uma cidade de ruas estreitas e estrutura urbana limitada.

A prefeitura vem tentando mitigar os impactos com incentivos a modais ativos como bicicletas e patinetes, além de alterações no sentido de vias. No entanto, acidentes com esses veículos têm se tornado frequentes, inclusive envolvendo autoridades locais. Como alternativa, especialistas sugerem até o transporte hidroviário para aliviar as avenidas centrais, especialmente nas áreas mais próximas ao mar.

Internamente, a torre contará com uma estrutura completa: sete elevadores de alta velocidade, seis andares de lazer privativos e uma cobertura com vista panorâmica. O projeto arquitetônico incorpora a proporção áurea e propõe um hall de entrada com passarela de vidro acessível ao público, em uma tentativa de transmitir a ideia de um espaço democrático, apesar da exclusividade dos serviços.

Mesmo com a promessa de integração com a cidade, o debate sobre quem de fato será beneficiado permanece. Para Barbosa, se o acesso a atrações e estacionamento for restrito por preços elevados, o projeto corre o risco de reforçar a segregação urbana. Domeneghini, por outro lado, defende que a cidade precisa estar preparada para receber empreendimentos desse porte e vê na Senna Tower uma oportunidade de modernização.

Com um histórico de verticalização intensa, Balneário Camboriú se vê agora diante do desafio de equilibrar crescimento imobiliário, mobilidade urbana e inclusão social — uma equação que, para ser resolvida, exigirá mais do que projetos ousados: será necessário planejamento urbano eficiente e políticas públicas integradas.

Com informações do Estadão Mobilidade.

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