O futuro trem expresso que vai ligar São Paulo a Campinas em 64 minutos terá duas classes de serviço com passagens entre R$ 50 e R$ 64. A informação foi confirmada pelo diretor de implantação da TIC Trens, Federico Andrés, em entrevista ao Mobilidade Estadão. O projeto faz parte do TIC Eixo Norte, o primeiro trem intermunicipal de média velocidade do estado de São Paulo, e está previsto para ser concluído até 2031.

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A concessionária responsável pela implantação é a TIC Trens, formada pelo Grupo Comporte e pela gigante chinesa CRRC. O investimento total previsto é de R$ 14,6 bilhões, com expectativa de geração de cerca de 10 mil empregos diretos e indiretos.
Além do serviço expresso, a TIC também será responsável pela modernização da Linha 7-Rubi da CPTM, que atualmente enfrenta problemas como acessibilidade precária e intervalos longos entre trens. O contrato prevê ainda a construção do Trem Intermunicipal (TIM), entre Jundiaí e Campinas, com 44 km de extensão e entrega prevista para 2029.
Operação da Linha 7 começa em novembro
A operação da Linha 7-Rubi será assumida pela TIC Trens em novembro deste ano. Segundo Andrés, a prioridade inicial será manter o nível de serviço atual da CPTM enquanto os estudos de modernização avançam. As obras civis devem começar somente no fim de 2026.
Com a concessão, o Serviço 710 — que integra as linhas 7 e 10 até Rio Grande da Serra — será descontinuado a partir de setembro. O executivo reconhece que há interesse em retomar o serviço, mas ressalta que isso depende de ajustes contratuais, que hoje inviabilizam sua manutenção.
Obras do trecho Jundiaí-Campinas começam em 2026
O trecho TIM, entre Jundiaí e Campinas, é considerado prioritário. O projeto básico deve ser concluído até o fim de 2025, e as obras estão previstas para começar no segundo semestre de 2026. A operação deve começar em 2029.
Entre os principais desafios está a necessidade de desapropriações e reassentamentos ao longo do trajeto. “É a primeira grande barreira para o início das obras civis”, afirma Andrés.
Conviver com o transporte de cargas é desafio logístico
Um dos gargalos do projeto é a convivência com o transporte de cargas da MRS Logística, que opera à noite nos trilhos da Linha 7. O compartilhamento da malha dificulta a realização de obras, já que as intervenções são normalmente feitas fora do horário de operação comercial.
Segundo Andrés, há negociações para segregar as vias ou criar desvios provisórios, de forma que a modernização da linha e o tráfego de cargas possam ocorrer em paralelo. A expectativa é que a MRS ganhe com a mudança, podendo operar em horário comercial com uma via exclusiva.
Estações e valorização imobiliária
A TIC Trens também vê potencial de valorização imobiliária em torno das futuras estações. As regiões de Campinas, Jundiaí, Louveira, Vinhedo e Valinhos são consideradas estratégicas nesse sentido, embora os planos para exploração comercial e urbanística ainda estejam em fase de estudo interno.
Trens com 830 lugares, todos sentados
Os trens do TIC Campinas terão capacidade para até 830 passageiros, todos com assento e lugares marcados. Ainda em desenvolvimento, os vagões contarão com banheiros e, possivelmente, dois níveis de conforto, com mais ou menos espaço entre assentos.
A diferenciação entre as duas classes ainda será detalhada, mas a estimativa é que os preços variem entre R$ 50 e R$ 64. Serviços como Wi-Fi e lanchonete ainda não foram confirmados.
“A previsibilidade será um dos maiores atrativos. Será possível saber com exatidão o horário de chegada, algo que hoje é incerto no transporte rodoviário entre São Paulo e Campinas”, afirma Andrés.
Com informações do Estadão Mobilidade.