Com o avanço dos veículos elétricos no Brasil, as oficinas mecânicas — tanto concessionárias quanto independentes — estão passando por uma transformação. Para se manterem competitivas, precisam adaptar processos, investir em novos equipamentos e qualificar suas equipes. A manutenção desses automóveis, que dispensam diversos componentes dos modelos a combustão, exige não apenas ferramentas específicas, mas também protocolos rigorosos de segurança e conhecimento técnico atualizado.
Muitas ferramentas tradicionais deixaram de ser usadas, já que os elétricos dispensam itens como a chave de vela, ferramentas para correias sincronizadoras e equipamentos de diagnóstico de injeção e pressão de combustível. Em contrapartida, novos equipamentos são obrigatórios, como scanners automotivos para diagnóstico da bateria e dos módulos eletrônicos, ferramentas isoladas, próprias para sistemas de alta voltagem e elevadores específicos para retirada e manutenção das baterias.
Segurança e capacitação
A chegada dos carros elétricos às ruas brasileiras exige também que as oficinas reforcem os protocolos de segurança e adotem equipamentos de proteção individual (EPIs) específicos. O uso de luvas isolantes, protetores faciais e calçados com isolamento elétrico passa a ser obrigatório durante qualquer intervenção nos sistemas de alta tensão dos veículos. Esses itens, antes mais comuns na indústria elétrica, tornam-se agora parte da rotina das oficinas automotivas para garantir a integridade física dos profissionais.
Além dos EPIs, a capacitação da mão de obra é um dos principais desafios do setor. Os técnicos precisam passar por treinamentos específicos para lidar com os complexos sistemas eletrônicos dos veículos elétricos. Esse tipo de formação ainda é escassa no mercado, o que torna urgente a qualificação contínua. O domínio de novas tecnologias, protocolos de segurança e conhecimento em eletrônica embarcada se tornou indispensável para garantir a qualidade dos serviços prestados.
A infraestrutura das oficinas também precisa ser adaptada. Espaços específicos devem ser isolados para a manutenção de veículos elétricos, com o objetivo de evitar qualquer contato da bateria com água ou metais condutores. Como esses componentes operam com tensões que podem chegar a 600 volts, é essencial implementar medidas rigorosas de segurança. O sistema elétrico do carro deve ser completamente desligado, e a chave do veículo afastada antes do início de qualquer reparo.
Existem ainda procedimentos obrigatórios que devem ser seguidos antes de qualquer intervenção nos sistemas elétricos. O primeiro passo é a desconexão da bateria, feita por meio de um interruptor de segurança. Em seguida, é necessário aguardar ao menos 15 minutos para permitir o esvaziamento dos capacitores de alta tensão, reduzindo o risco de choques elétricos. Essas etapas são fundamentais para preservar a segurança do profissional e garantir a correta execução do serviço.
As oficinas que desejam continuar competitivas nesse novo cenário precisam se adaptar rapidamente, combinando investimentos em tecnologia, infraestrutura, segurança e qualificação profissional. A eletrificação automotiva não é mais uma tendência futura, é uma realidade que já transforma o dia a dia do setor.
