A Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) aprovou, no fim de março, um reajuste de 12,6% na tarifa de remuneração repassada à concessionária Next Mobilidade, responsável por cerca de 90 linhas de ônibus e trólebus que operam entre a capital e a região metropolitana do ABC.
A medida foi tomada após a empresa alegar desequilíbrio financeiro causado pela baixa demanda de passageiros nos 12 meses seguintes ao fim da pandemia. Segundo a Artesp, a não concretização das projeções de tráfego foi considerada um evento de impacto direto sobre as contas da concessionária, o que motivou o aumento imediato, com validade de dois anos.
O valor da remuneração será recalculado mensalmente, com base em dados reais de demanda. O pleito da Next Mobilidade havia sido apresentado em agosto de 2024, e o aval da agência veio apenas em março deste ano.
O reajuste ocorre em um momento de reorganização no sistema de transporte público paulista. Em 2024, o Governo de São Paulo aprovou uma lei que reformulou a atuação das agências reguladoras, como a Artesp e a Arsesp, e extinguiu a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos). Com isso, a Artesp passou a assumir todas as atribuições sobre o transporte coletivo intermunicipal na região metropolitana, ampliando seu escopo de atuação.
A decisão acende um alerta para cidades como Salvador, que também enfrentam dificuldades no sistema de transporte público. Na capital baiana, a redução da quantidade de passageiros transportados, especialmente após a pandemia, tem pressionado financeiramente as empresas concessionárias. Estimativas apontam que Salvador perdeu cerca de 25% da demanda nos últimos anos, o que levou a prefeitura a ampliar os subsídios para evitar a interrupção dos serviços.
Assim como em São Paulo, há a necessidade de uma revisão na governança do setor, incluindo debates sobre a sustentabilidade econômica do sistema, o modelo de remuneração das operadoras, e a oferta de serviços com qualidade e regularidade para a população.