Por Emerson Pereira – Foto Thuane Maria/GovBA
A cidade de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, voltou a respirar ares industriais com a inauguração oficial da fábrica da BYD nesta terça-feira (1º). Com uma das linhas de montagem mais modernas do mundo, a unidade marcou o início da produção local dos modelos elétricos Dolphin Mini e Song Pro, primeiros veículos da montadora chinesa montados em solo brasileiro.
O empreendimento chega após o encerramento das atividades da Ford na mesma planta, e reacende a esperança de um novo ciclo de desenvolvimento econômico para a região, com geração de empregos e fortalecimento da cadeia produtiva local. A expectativa é de que até 20 mil postos de trabalho diretos e indiretos sejam criados nos próximos anos, conforme projeções divulgadas pelo governo estadual e pela própria BYD.
Além da importância econômica, a inauguração representa um marco simbólico: o início da popularização dos veículos elétricos no Brasil. A BYD aposta em modelos mais acessíveis como o Dolphin Mini para conquistar o consumidor brasileiro e ampliar sua presença em um mercado ainda dominado por carros a combustão. A produção nacional pode reduzir custos logísticos e tributários, tornando os elétricos uma opção mais competitiva para o público em geral.
No entanto, nem tudo são flores no caminho da transição energética e industrial. Representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari levantaram questionamentos sobre o verdadeiro papel da planta baiana no processo produtivo da empresa. Segundo o sindicato, a fábrica estaria operando mais como um centro de distribuição, com os veículos chegando praticamente prontos da China e recebendo apenas alguns componentes finais em território nacional — como rodas, bancos e outros itens de acabamento.
A crítica levanta um debate importante sobre o grau de nacionalização da produção e o real impacto industrial do empreendimento. Enquanto a BYD e autoridades celebram a instalação como uma nova era para a indústria automotiva no Brasil, os trabalhadores cobram maior transparência e compromisso com a geração de empregos qualificados e com a formação de uma cadeia produtiva robusta no país.
Apesar das controvérsias, o início das operações da BYD em Camaçari já reposiciona a Bahia no mapa da indústria automotiva nacional. Agora, o desafio será transformar essa conquista simbólica em resultados concretos para o desenvolvimento regional, para os trabalhadores e para a transição rumo a uma mobilidade mais sustentável.
