Carregar carro elétrico em lugares fechados oferece riscos? Especialistas explicam os cuidados necessários

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Com a crescente adoção de veículos elétricos no Brasil, uma nova preocupação tem se tornado comum entre motoristas, síndicos e engenheiros: a recarga em ambientes fechados, como garagens subterrâneas e estacionamentos cobertos, é segura?

Foto: Freepik.

Embora o avanço tecnológico esteja tornando os carros elétricos cada vez mais seguros, a recarga em locais sem ventilação adequada levanta pontos de atenção — especialmente diante do comportamento das baterias em caso de falha.

O que dizem os especialistas

De acordo com o Crea-SE (Conselho Regional de Engenharia de Sergipe), há necessidade de cautela ao instalar eletropostos em ambientes fechados. Em nota técnica emitida neste mês, o órgão alerta que em caso extremo de incêndio, as baterias de íons de lítio podem atingir até 1.000 °C, comprometendo a estrutura de concreto das edificações e liberando vapores tóxicos, difíceis de dissipar em áreas sem circulação de ar.

Segundo normas da ABNT, o concreto perde mais da metade da resistência quando exposto a 600 °C, aumentando o risco de colapso estrutural em prédios residenciais ou garagens subterrâneas.

Por que incêndios com baterias são diferentes?

Diferente de combustões tradicionais, que podem ser controladas retirando calor, combustível ou oxigênio (o conhecido “triângulo do fogo”), as baterias formam um “tetraedro do fogo”, exigindo combate químico específico.

  • Extintores comuns não funcionam.
  • São necessários extintores de classe D, desenvolvidos para metais inflamáveis, que custam até R$ 3 mil cada.
  • O uso de água, em vez de ajudar, pode agravar a reação com lítio, tornando o incêndio ainda mais perigoso.

Por esse motivo, apenas brigadas especializadas devem lidar com incêndios envolvendo baterias de carros elétricos.

É comum acontecer?

Apesar dos alertas, os incêndios em veículos elétricos são extremamente raros. A ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico) afirma que carros a combustão têm até 60 vezes mais chance de pegar fogo durante sua vida útil.

Casos documentados, como o de um ônibus elétrico que pegou fogo em São Paulo, em 2024, mostram que o isolamento das baterias funcionou corretamente, impedindo o agravamento do incêndio. Já em Itajaí (SC), um incêndio inicialmente atribuído a uma moto elétrica foi provocado, na verdade, por um carro a gasolina estacionado ao lado.

Como recarregar com segurança?

Enquanto não há regulamentações específicas para recargas em locais fechados, os especialistas recomendam:

  • Optar por locais abertos ou com boa ventilação;
  • Manter pelo menos 3 metros de distância entre veículos durante a recarga;
  • Realizar vistorias técnicas antes da instalação de carregadores em prédios;
  • Verificar se o local tem sensores de temperatura, ventilação forçada e extintores adequados.

Novas tecnologias a caminho

Para o futuro, fabricantes e órgãos técnicos trabalham no desenvolvimento de soluções que mitiguem riscos, como:

  • Baterias de estado sólido, que reduzem o risco térmico;
  • Softwares de monitoramento térmico em tempo real;
  • Revestimentos térmicos be cápsulas de contenção, especialmente para modelos urbanos.

Ainda que raros, os incidentes com baterias de lítio requerem preparo técnico adequado. Até que a legislação acompanhe o avanço do setor elétrico, a recarga em ambientes fechados deve ser feita com responsabilidade, sempre priorizando segurança e ventilação.

Com informações do Garagem 360.

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