Ex-CEO da Toyota usava pseudônimo para competir em corridas de carro

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Apaixonado por automobilismo, o ex-comandante da Toyota, Akio Toyoda, disputava provas com o nome fictício “Morizo Kinoshita” — uma identidade secreta adotada mesmo ocupando um dos cargos mais altos da fabricante japonesa. Toyoda, neto do fundador da marca, segue hoje como membro do conselho da companhia e é um dos maiores entusiastas da cultura automotiva dentro da empresa.

Ele participou de várias competições ao longo dos anos, especialmente das tradicionais 24 Horas de Nürburgring, sempre ao volante de modelos da Toyota ou da Lexus, marca de luxo pertencente ao grupo. Em 2009, conquistou um terceiro lugar em sua categoria com um Lexus IS F e um quarto lugar com o Lexus LF-A. Em 2014, venceu sua classe pilotando novamente o LF-A. Já em 2019, terminou em terceiro lugar com o Toyota GR Supra GT4.

Toyoda já declarou que experiências como essa marcaram profundamente sua trajetória, inclusive em momentos difíceis como depoimentos em tribunais nos EUA. “Lembrei-me de quando estava dirigindo em Nürburgring, quando lutava constantemente contra o terror, me perguntando se conseguiria voltar vivo. Foi essa experiência que me permitiu superar aquela audiência. Nesse sentido, Nürburgring não foi apenas o ponto de partida para mim como Morizo, o piloto, mas também para mim como Akio Toyoda, o líder da Toyota.”

O gosto pelas pistas começou a ser lapidado por Hiromu Naruse, lendário piloto de testes da Toyota. “Chamávamos de treinamento, mas eu apenas seguia Naruse enquanto ele dirigia o carro”, contou Toyoda, referindo-se à época em que dirigia um Supra A80. Ele também se lembra dos ensinamentos práticos de Naruse: “As únicas duas coisas que ele disse foram ‘pise no freio quando você vir minhas luzes acenderem’ e ‘se a distância entre nossos carros está aumentando, significa que você não está pisando no acelerador o suficiente’. Tudo o que eu fiz foi me esforçar ao máximo para perseguir aquelas lanternas traseiras.”

A proposta de competir veio do próprio Naruse, após cinco anos de preparação. “Depois de cerca de cinco anos treinando-o, perguntei a ele: por que não competir nas 24 Horas de Nürburgring? No início, ele teve dificuldades com a decisão, devido à sua posição, mas depois de um tempo disse ‘vamos fazer acontecer’. Mas ele não foi direto para a corrida. Passou os três anos seguintes treinando intensamente para ela”, lembrou Naruse, que faleceu tragicamente em um acidente próximo ao circuito de Nürburgring, em 2010.

Em 2021, Toyoda participou das 24 Horas de Fuji, pilotando um Corolla movido a hidrogênio — seu objetivo era testar os limites do novo sistema de propulsão em condições extremas. “A razão para competir em uma prova de 24 horas é que simplesmente durar três ou cinco horas não é suficiente. Você deve ter feito a preparação para durar 24 horas. Além disso, sou um dos pilotos. Muitas pessoas no Japão associam hidrogênio a explosões. Portanto, quero mostrar que é seguro participar de uma corrida”, afirmou na época.

Já em 2022, Toyoda deu um show de habilidade em uma demonstração com o Yaris GR que seria usado no WRC, o Campeonato Mundial de Rali, realizando manobras como drift e “zerinhos”.

O ex-CEO também foi responsável por aprovar e apoiar a criação de modelos icônicos como o Lexus LFA, o GT86, o renascimento do Supra e a fundação da Gazoo Racing, divisão esportiva da Toyota.

E ele promete voltar às pistas. Em junho de 2025, Morizo estará de volta ao volante em mais uma edição das 24 Horas de Nürburgring, desta vez com o Yaris GR. “O objetivo de competir nas 24 Horas no ‘inferno verde’ sempre foi o mesmo, desde que começamos em 2007. Naquela época, éramos eu e Naruse, mas agora temos pilotos profissionais, mecânicos, engenheiros… uma equipe grande e unida. A construção de carros cada vez melhores avançará ainda mais por meio do automobilismo, e todos nós nos uniremos para enfrentar o desafio de alcançar um nível ainda mais alto”, afirmou Toyoda.

Sua paixão inspirou até uma versão especial do Corolla, o GR Corolla Morizo Edition. Produzido em série limitada de 200 unidades, o modelo é mais leve, com torque ampliado e sem bancos traseiros, pensado para uso mais extremo nas pistas. Equipado com motor de 300 cv, torque de 40,8 mkgf e câmbio manual de seis marchas com relações encurtadas, o carro ainda perdeu 50 kg em relação ao modelo original e recebeu pneus de maior aderência.

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