Por Emerson Pereira – Foto Divulgação CCR Metrô
É inegável que o metrô, inaugurado em 2013, representou uma revolução na forma como o soteropolitano se desloca pela capital baiana. Em pouco mais de uma década, o sistema se consolidou como um dos principais eixos de mobilidade urbana de Salvador, oferecendo rapidez, conforto e integração com outros modais. Entretanto, ao longo dos últimos anos, passageiros têm relatado uma queda na percepção de qualidade do serviço prestado pela CCR Metrô Bahia — movimento que acende um alerta para o poder público e para a concessionária.
Entre as queixas mais recorrentes está a sensação de redução no número de agentes de segurança dentro das estações e em seus arredores. Usuários afirmam que a presença desses profissionais, marcante nos primeiros anos de operação, teria diminuído de forma perceptível. Em estações mais movimentadas, essa mudança tem ampliado a preocupação com a segurança, especialmente em horários de pico ou em áreas com maior vulnerabilidade.
A superlotação também se tornou um ponto sensível na avaliação dos passageiros. Com o crescimento da demanda, muitos afirmam que os trens estão mais cheios em diversos períodos do dia. Uma solução citada por especialistas seria a adoção mais ampla da quinta composição nos trens, o que aumentaria a capacidade de aproximadamente 1.000 para 1.250 passageiros por viagem. Ainda assim, a medida não foi implementada de forma consistente no sistema.
Outro fator que pesa na percepção negativa são as oscilações ou suspensões parciais do serviço em dias de chuva. Interrupções em trechos das linhas, mesmo que temporárias, acabam gerando atrasos e incertezas no deslocamento de quem depende do metrô diariamente. A situação é agravada pelos frequentes roubos de cabos, que continuam sendo um desafio técnico e operacional para manter a estabilidade da operação.
Diante desse cenário, especialistas e passageiros destacam que o Governo do Estado — responsável pela fiscalização e pelo contrato de concessão — precisa atuar de maneira mais rigorosa, acompanhando de perto o desempenho da operação. Ao mesmo tempo, a CCR é cobrada a reforçar seus esforços para corrigir problemas, ampliar a capacidade e manter um padrão de qualidade compatível com a importância do modal.
Apesar das críticas, o metrô segue sendo um componente essencial da mobilidade urbana de Salvador. Transformou a rotina de milhares de pessoas e se consolidou como uma alternativa rápida e estruturante para a cidade. Porém, para que continue sendo bem avaliado, é fundamental que a experiência do passageiro seja positiva e que o sistema mantenha eficiência operacional.
Hoje, o sistema metroviário de Salvador é um dos maiores do Brasil, e um projeto de ampliação até o Campo Grande está em andamento. A expansão reforça o papel estratégico do modal, mas também evidencia a necessidade de assegurar que o serviço entregue esteja à altura da expectativa dos usuários e da relevância que o metrô conquistou ao longo dos anos.
