A montadora japonesa Nissan enfrenta uma das fases mais delicadas de sua história recente. A empresa anunciou que projeta um prejuízo operacional de 275 bilhões de ienes — o equivalente a aproximadamente R$ 9,68 bilhões — para o ano fiscal 2025-2026, encerrado em março de 2026. A estimativa reflete os impactos de uma conjuntura econômica adversa, marcada por riscos na cadeia global de suprimentos, volatilidade cambial e crescente pressão competitiva.

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O cenário negativo se soma a um histórico recente de dificuldades. No ano fiscal anterior, encerrado em março de 2025, a Nissan já havia registrado um prejuízo líquido de 671 bilhões de ienes. Como resposta, a empresa iniciou um plano de reestruturação que inclui o corte de 20 mil empregos, o que representa cerca de 15% de sua força de trabalho global.
Apesar de ter registrado um prejuízo operacional de 30 bilhões de ienes nos primeiros seis meses do atual exercício (abril a setembro), o resultado foi menos severo do que o previsto, graças a fatores pontuais como a redução de custos com normas de emissões e o adiamento de projetos para o segundo semestre. No entanto, o diretor financeiro da Nissan, Jeremie Papin, alertou que os próximos meses devem ser ainda mais desafiadores.
“Embora nossos resultados do primeiro semestre reflitam benefícios temporários e o retorno do investimento em iniciativas de redução de custos, prevemos um ambiente competitivo desafiador contínuo no segundo semestre, riscos na cadeia de suprimentos e a sazonalidade dos negócios”, afirmou Papin.
A montadora também revisou para baixo sua projeção de receita anual, estimando agora 11,7 trilhões de ienes, abaixo da previsão inicial de 12,5 trilhões. A queda reflete não apenas os desafios operacionais, mas também uma série de obstáculos que vêm se acumulando nos últimos anos.
Entre os fatores que agravam a crise estão os escândalos corporativos, como a prisão do ex-presidente Carlos Ghosn em 2018, seguida por sua fuga do Japão; a tentativa fracassada de fusão com a Honda, que propôs transformar a Nissan em uma subsidiária; e o risco comercial elevado, com analistas apontando a empresa como uma das mais vulneráveis às tarifas sobre veículos importados.
A Nissan atribui a esperada piora no segundo semestre a “desafios previstos… devido a riscos na cadeia de suprimentos, volatilidade cambial, tarifas e outros fatores externos”, conforme comunicado oficial. Diante desse cenário, a montadora terá de buscar alternativas além do corte de custos para recuperar sua competitividade global.
Com informações do Garagem 360.



