Tirar a primeira Carteira Nacional de Habilitação (CNH) no Brasil está longe de ser um processo acessível para todos. Segundo levantamento da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), baseado em dados do IBGE e dos Detrans estaduais, o custo médio da habilitação pode consumir até nove meses de trabalho em estados do Norte e Nordeste, revelando um abismo econômico que afeta diretamente o direito à mobilidade.
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O estudo considerou que o candidato comprometa 30% da renda familiar mensal — percentual usado pela Febraban como referência para endividamento saudável. Ainda assim, os números são alarmantes:
- Acre (AC): R$ 3.302,33 — cerca de 8,7 meses de trabalho
- Bahia (BA): R$ 3.467,83 — aproximadamente 8,5 meses
- Amazonas (AM): R$ 2.706,67 — em torno de 7,3 meses
- Maranhão (MA): R$ 2.300,00 — cerca de 7,1 meses
- Pernambuco (PE): R$ 2.870,00 — 6,6 meses
Em contraste, estados como São Paulo e o Distrito Federal, com renda média superior a R$ 3 mil, exigem apenas dois meses de trabalho para arcar com o custo da CNH. A disparidade se explica pela desigualdade regional de renda, ausência de programas estaduais de incentivo e variações nos preços cobrados por autoescolas e taxas dos Detrans.
Para enfrentar esse cenário, o Ministério dos Transportes colocou em consulta pública uma proposta de política nacional de formação de condutores. A medida prevê redução de até 80% no custo das categorias A (motocicleta) e B (carro), com simplificação do processo e ampliação do acesso. A consulta está aberta até 2 de novembro na plataforma Participa + Brasil.
Atualmente, o custo médio da CNH no país varia entre R$ 2.500 e R$ 3.500, enquanto a renda per capita nacional gira em torno de R$ 1.810. O tempo médio de trabalho necessário para obter a habilitação varia de dois a oito meses, dependendo do estado.
A CNH, que deveria representar liberdade e inclusão, acaba se tornando um símbolo de desigualdade para milhões de brasileiros.
Com informações do Garagem 360.
