A Volkswagen confirmou nesta terça-feira (15) uma decisão inédita em seus 88 anos de história: o fechamento da fábrica de Dresden, na Alemanha. A unidade, conhecida como “Fábrica de Vidro”, encerrou definitivamente a produção de veículos, marcando um momento histórico para a montadora.

Foto: Divulgação.
Crise global e cortes bilionários
O encerramento das atividades ocorre em meio a uma conjuntura de forte pressão financeira. A Volkswagen enfrenta:
- Queda acentuada nas vendas na China;
- Baixa demanda por veículos na Europa;
- Incertezas regulatórias e tarifas nos Estados Unidos.
Para enfrentar o cenário, a empresa reduziu em € 20 bilhões o plano de investimentos para os próximos cinco anos, ajustando o orçamento de € 180 bilhões para € 160 bilhões.
O dilema da eletrificação
A montadora vive o desafio de equilibrar investimentos em veículos elétricos e motores a combustão. Analistas apontam que a demanda por carros a gasolina deve persistir por mais tempo do que o previsto, obrigando a Volkswagen a rever seu portfólio e manter parte da produção tradicional.
Apesar da crise, o CFO Arno Antlitz demonstrou otimismo cauteloso, prevendo que o caixa líquido da empresa em 2025 poderá ter resultado positivo, revertendo projeções anteriores.
O fim da “Fábrica de Vidro”
Inaugurada em 2002 para produzir o sedã de luxo Phaeton, a fábrica de Dresden foi adaptada em 2016 para simbolizar a transição elétrica da marca, com a produção do ID.3. No entanto, a baixa produtividade — menos de 200 mil veículos em mais de duas décadas — tornou a unidade inviável.
O fechamento integra um acordo sindical firmado em 2022, que prevê a redução de 35 mil postos de trabalho ligados à marca Volkswagen na Alemanha. O CEO da marca, Thomas Schäfer, classificou a decisão como “difícil, mas economicamente necessária”.
Futuro da unidade
Apesar do fim da produção, o complexo de Dresden não ficará ocioso. Em parceria com a Universidade Técnica de Dresden, o espaço será transformado em um polo de pesquisa e inovação em áreas como inteligência artificial, robótica e semicondutores. O investimento conjunto será de € 50 milhões ao longo de sete anos.
Além disso, o local continuará sendo utilizado para entrega de veículos e como atração turística, preservando parte de sua relevância simbólica para a marca.
O fechamento da fábrica de Dresden evidencia os desafios da Volkswagen diante da transição energética e da crise global no setor automotivo. A decisão, embora histórica e dolorosa, reflete a necessidade de ajustes profundos para garantir a sustentabilidade financeira da montadora nos próximos anos.
Com informações do Garagem 360.



