Investimento público esbarra em má gestão e falta de renovação da frota no transporte metropolitano

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Por Emerson Pereira – Foto Reprodução SóMob

Pouco mais de seis meses após o Governo da Bahia liberar R$ 30,2 milhões em apoio financeiro para as empresas Atlântico, Avanço, Expresso Metropolitano e Expresso Vitória, operadoras do sistema metropolitano de transporte, os resultados contrariam as expectativas iniciais. O subsídio — aprovado pela Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) em abril de 2025 — tinha como objetivo reforçar a eficiência operacional das companhias responsáveis pela integração com o Metrô de Salvador, setor que enfrenta sucessivas crises e já acumula a saída de empresas como BTM, VSA, Nova Viação, Costa Verde, Brisa e Cidade das Águas.

Apesar do investimento, o cenário revela que a aplicação dos recursos esbarrou em má gestão e em pouca disposição para modernizar o serviço. Entre as quatro empresas contempladas, apenas a Atlântico promoveu um pequeno avanço, mantendo alguns ônibus zero quilômetro, principalmente na linha que segue para Praia do Forte. A Expresso Vitória tenta reduzir a idade média da frota trazendo veículos usados do interior de São Paulo. A Expresso Metropolitano segue o caminho tradicional do sistema, renovando sua frota com ônibus desativados de Salvador — alguns com mais de 11 anos de fabricação. A situação mais crítica permanece com a Avanço, que não executou qualquer renovação desde o repasse do subsídio e continua operando com a frota mais defasada da região.

Além da idade dos veículos, a operação também preocupa. Enquanto Atlântico, Expresso Vitória e Expresso Metropolitano mantêm ao menos uma regularidade básica, ainda que com intervalos elevados, a Avanço se destaca negativamente pela irregularidade. Linhas como a Terminal Aeroporto x Hospital Metropolitano e Portão/Vida Nova x Boca da Mata estão entre as mais reclamadas pelos usuários.

O panorama reforça que aportes financeiros, por si só, não são suficientes para garantir melhorias sem fiscalização rígida e parâmetros mínimos de qualidade. Especialistas defendem que a licitação do sistema metropolitano é o único caminho capaz de impor regras claras — como idade máxima da frota, cumprimento de horários e cronograma anual de renovação — e assegurar que o poder público tenha mecanismos eficazes de cobrança.

Enquanto o impasse permanece, moradores de diversas cidades da Região Metropolitana de Salvador seguem enfrentando diariamente veículos sucateados, atrasos constantes e um serviço incapaz de acompanhar a demanda da população.

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