Por Emerson Pereira – Foto Reprodução SóMob
Pouca gente sabe, mas a numeração das linhas de ônibus de Salvador não é aleatória. O código que aparece no letreiro segue uma lógica criada para identificar a origem e a organização das linhas dentro da cidade.
A lógica dos códigos divididos por áreas foi implantada no fim da década de 1980, quando a a administração municipal buscava organizar o sistema de transporte e facilitar o entendimento dos passageiros. Naquele período, a cidade foi dividida em 16 áreas regionais (AR´s), e cada uma delas recebeu um prefixo numérico que indicava sua localização geográfica na cidade.
Os dois primeiros dígitos do número da linha representam a área regional de onde ela parte, enquanto os dois números finais indicam a ordem da linha dentro daquela região. Por exemplo, a linha 1637 mostra que o prefixo 16 pertence ao Subúrbio Ferroviário, e o número 37 indica que ela foi a 37ª linha criada nessa divisão.
As áreas regionais eram distribuídas da seguinte forma:
01 – Centro
02 – Cidade Baixa
03 – São Caetano e região
04 – Liberdade e região
05 – Brotas
06 – Barra/Graça
07 – Nordeste e região
08 – Pituba
09 – Boca do Rio
10 – Itapuã e região
11 – Cabula/Pernambués
12 – Tancredo Neves e região
13 – Pau da Lima e região
14 – Cajazeiras
15 – Vista Alegre e região
16 – Subúrbio Ferroviário
Recentemente, a Prefeitura alterou parte dessa lógica e passou a criar prefixos associados a terminais de integração com o metrô, o que acabou dificultando o entendimento dos usuários. Nessa nova configuração, o número 17 representa o Terminal Águas Claras, 18 o Terminal Campinas de Pirajá, e 20 o Terminal Retiro.
Hoje, ainda é possível encontrar linhas que mantêm prefixos antigos, mesmo operando em contextos diferentes. É o caso de diversas linhas que partem da Estação Pirajá, mas continuam com o prefixo 13, um resquício do período em que saíam do antigo Terminal EVA, na região de Pau da Lima. Outro exemplo é a linha 1405, que preserva o 14 de Cajazeiras, pois originalmente tinha origem em Cajazeiras 8, antes de ser reconfigurada e passar a iniciar viagens na Estação Pirajá.
Essas exceções mostram como a numeração foi sendo alterada sem uma padronização clara, o que contribui para a confusão entre os usuários. É fundamental que a Secretaria de Mobilidade (Semob) defina uma lógica consistente e permanente para o uso desses códigos, garantindo que o número da linha volte a refletir, de fato, a sua origem e percurso — e não apenas um registro do passado.





