A realidade dos motoristas de aplicativo no Brasil em 2025 revela um cenário alarmante: jornadas de trabalho cada vez mais longas, rendimentos cada vez menores e impactos profundos na saúde física, mental e financeira desses profissionais. Um levantamento realizado pela plataforma GigU, especializada em serviços para trabalhadores da economia digital, mostra que os desafios enfrentados por esses motoristas se intensificaram nos últimos anos.

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Segundo o estudo, a carga horária média semanal dos motoristas de app chegou a 52 horas, podendo ultrapassar 60 horas em grandes centros urbanos como São Paulo. Apesar do esforço, o salário médio mensal não ultrapassa R$ 4.100. Em cidades com custos operacionais mais elevados, como Maceió, a renda líquida mensal pode cair para R$ 1.800, tornando o trabalho ainda mais desgastante e pouco compensador.
O levantamento também aponta que em mais da metade das cidades analisadas, o lucro líquido dos motoristas é inferior a R$ 3.000. Os piores resultados foram registrados em Manaus e Pelotas, onde os ganhos mensais não passam de R$ 2.200. Em Belém, cerca de 40% do faturamento dos motoristas é consumido apenas com combustível, o que reduz drasticamente a margem de lucro.
Outro fator que agrava a situação é o uso de veículos alugados: 30% dos motoristas entrevistados não possuem carro próprio, o que compromete ainda mais a rentabilidade. Por outro lado, cidades como Pelotas (RS) e Uberlândia (MG), onde a maioria dos profissionais utiliza veículo próprio, apresentam maior lucratividade, mesmo com menor número de corridas.
Além das dificuldades financeiras, o estudo revela impactos severos na saúde e no planejamento de vida dos motoristas. Cerca de 92% estão endividados, e 68% têm a renda comprometida com despesas básicas. O descanso e as férias são praticamente inexistentes para 70% dos entrevistados, enquanto a pressão dos algoritmos das plataformas aumenta o estresse diário.
Entre os motoristas com menos de 35 anos, mais da metade afirma não conseguir planejar o futuro devido à instabilidade da renda e ao alto custo de vida. Cerca de 55% já consideraram abandonar a profissão, citando insegurança nas ruas, falta de valorização e os altos custos operacionais como principais motivos.
O estudo da GigU conclui que, sem políticas públicas de valorização e maior transparência por parte das plataformas, os motoristas de aplicativo continuarão expostos a um ciclo de desgaste físico, mental e financeiro, tornando a profissão cada vez menos sustentável.
Com informações do News Motor.