A tendência global de serviços por assinatura chegou ao setor automotivo, mas com resultados contrastantes entre mercados. Enquanto no Reino Unido a Volkswagen colhe bons frutos com a assinatura de funcionalidades extras para seus veículos elétricos, no Brasil a proposta ainda enfrenta resistência — e altos custos.

Foto: Divulgação.
No Reino Unido, a montadora oferece aos proprietários do ID.3 a possibilidade de desbloquear mais potência por meio de uma assinatura mensal de £16,50 (cerca de R$ 89). Com isso, o carro passa a entregar 170 kW, liberando o desempenho total do motor que já está instalado fisicamente no veículo. Para quem prefere uma solução definitiva, há também a opção de compra única por £649 (aproximadamente R$ 3.500).
A estratégia tem funcionado bem entre os consumidores europeus, que demonstram maior receptividade a pagar por upgrades digitais. A lógica é simples: o hardware já está presente, e o software limita o desempenho. Pagar para liberar esse potencial se torna uma alternativa atraente para quem busca performance sem trocar de carro.
No Brasil, no entanto, o cenário é bem diferente. A Volkswagen tentou aplicar o modelo com o ID.Buzz — a releitura elétrica da clássica Kombi — por meio de um plano de assinatura que ultrapassa os R$ 10 mil mensais. O valor elevado, somado à ausência de posse do veículo, tornou a proposta pouco viável para o consumidor brasileiro, que ainda valoriza fortemente a propriedade e se mostra cauteloso com compromissos mensais altos.
A rejeição ao modelo de assinatura de veículos no Brasil revela uma diferença cultural e econômica significativa. Enquanto o público europeu parece mais disposto a pagar por funcionalidades específicas e temporárias, o brasileiro ainda prefere investir na compra definitiva, especialmente diante da complexidade e dos custos envolvidos na manutenção de veículos elétricos.
O contraste entre os dois mercados sugere que o sucesso da assinatura automotiva depende de uma abordagem mais segmentada. Funcionalidades pontuais e de baixo custo, como o desbloqueio de potência, podem ter mais aceitação do que a assinatura integral de um veículo. Para a Volkswagen, o desafio está em adaptar sua estratégia às realidades locais — e entender que, no Brasil, o carro ainda é sinônimo de patrimônio.
Com informações do Garagem 360.