Carro nacional ou importado: o que realmente pesa mais no bolso do brasileiro?

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A escolha entre um carro nacional ou importado vai muito além da preferência por marca ou design. No Brasil, essa decisão envolve uma equação complexa de impostos, logística, política industrial e percepção de valor — fatores que influenciam diretamente o preço final pago pelo consumidor.

Foto: Divulgação.

Embora o senso comum sugira que veículos produzidos localmente deveriam ser mais baratos, a realidade é mais nuançada. De fato, modelos nacionais costumam ter vantagem inicial no preço, principalmente por escaparem do Imposto de Importação, que pode chegar a 35%. No entanto, o chamado “Custo Brasil” — que inclui burocracia, carga tributária elevada e infraestrutura deficiente — encarece significativamente a produção local.

Além dos tributos como IPI, ICMS, PIS e COFINS, os fabricantes enfrentam desafios logísticos e operacionais que acabam sendo repassados ao consumidor. Mesmo com incentivos fiscais em regiões como o Nordeste e Centro-Oeste, e com o uso de peças do Mercosul para reduzir custos, o preço dos veículos nacionais continua elevado.

Por outro lado, os carros importados, embora mais caros na etiqueta, muitas vezes oferecem tecnologias mais avançadas, melhor acabamento e menor depreciação. Isso os posiciona como produtos de luxo, mesmo quando o custo de produção no país de origem é competitivo. O marketing reforça essa percepção, elevando o valor simbólico dos modelos estrangeiros.

Um exemplo emblemático é o Jeep Compass, fabricado em Pernambuco. Apesar de ser nacional, o modelo custa até 30% menos em países como Estados Unidos e México. Essa disparidade revela não apenas o impacto dos impostos, mas também a diferença no poder de compra e na estrutura de mercado.

Para o consumidor brasileiro, a decisão entre nacional e importado deve considerar mais do que o preço de tabela. Manutenção, disponibilidade de peças, consumo, tecnologia embarcada e valor de revenda são fatores igualmente relevantes. Em muitos casos, o carro nacional pode ser mais acessível no curto prazo, mas o importado pode oferecer melhor custo-benefício ao longo do tempo.

A verdade é que, seja nacional ou importado, o carro ainda pesa bastante no bolso do brasileiro. Em comparação com outros países, o número de salários mínimos necessários para adquirir um veículo popular no Brasil é significativamente maior. Isso reforça a urgência de políticas públicas que tornem o acesso à mobilidade mais democrático e menos oneroso.

Enquanto isso, cabe ao consumidor fazer uma escolha consciente, avaliando não apenas o preço, mas o conjunto de atributos que melhor atende às suas necessidades e expectativas. Afinal, no Brasil, comprar um carro continua sendo um investimento — e uma decisão que exige cálculo, cautela e visão de longo prazo.

Com informações News Motor.

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