Com a crescente popularidade dos veículos elétricos, fabricantes e pesquisadores começaram a observar um fenômeno inesperado: o aumento de queixas de enjoo por parte de motoristas e passageiros. Ao contrário do que se imaginava, essa reação não é apenas subjetiva — estudos científicos confirmam que a forma como os carros elétricos aceleram e freiam pode provocar uma confusão sensorial que leva ao mal-estar.

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Segundo especialistas, o desconforto é causado por três principais fatores. Primeiro, a aceleração imediata e sensível dos veículos elétricos, que ocorre sem o ruído característico de um motor a combustão. Segundo, o sistema de frenagem regenerativa, que desacelera o carro para recarregar suas baterias, gera movimentos inesperados para quem está dentro. Por fim, a ausência de vibrações e sons mecânicos dificulta a antecipação dos movimentos, confundindo o cérebro humano.
“O sistema vestibular, responsável por nossa percepção de movimento e equilíbrio, depende de estímulos sonoros e físicos para se ajustar à movimentação do veículo. Sem essas referências, é comum surgirem sintomas como náusea, tontura e desorientação”, explica o neurologista Kenji Hoshino, da Universidade de Nagoya.
Indústria já busca soluções para o problema
Montadoras como Nissan, Mercedes-Benz, Hyundai e Xiaomi estão investindo em tecnologias para reduzir esses efeitos adversos. Uma das soluções mais promissoras é o sistema de tração integral e-4ORCE, presente nos modelos elétricos da Nissan. A tecnologia distribui o torque entre as rodas de forma equilibrada, suavizando as oscilações e contribuindo para um deslocamento mais confortável.
Já a chinesa Xiaomi lançou o modelo YU7 com o chamado “modo enjoo”, uma configuração especial que ajusta a suspensão e a resposta dos pedais com o objetivo de reduzir os impactos perceptíveis aos ocupantes.
Além das inovações mecânicas, há também recursos sonoros que ajudam o cérebro a se preparar para o movimento. Diversas marcas vêm adotando sons artificiais de motor, simulando o ruído de combustão para oferecer previsibilidade ao corpo humano. Essa estratégia já é utilizada por BMW, Hyundai e Mercedes-Benz.
Em uma abordagem curiosa, pesquisadores da Universidade de Nagoya descobriram que ouvir um som de 100 Hz por cerca de um minuto antes da viagem pode ativar o sistema vestibular e reduzir a sensação de enjoo. O método é simples, mas eficaz, segundo o estudo publicado em abril de 2025.
Conforto como diferencial competitivo
As montadoras entendem que a experiência dos ocupantes pode ser um fator decisivo no processo de escolha por um veículo elétrico. Por isso, além de investir em autonomia e desempenho, o conforto e a adaptação sensorial passam a ser prioridades na próxima geração de EVs.
Com as soluções em andamento e novos estudos surgindo, a expectativa é de que os veículos elétricos se tornem cada vez mais adaptados às necessidades humanas, não apenas em eficiência energética, mas também em bem-estar e qualidade de condução.
Com informações do Garagem 360.