Ao adquirir um automóvel novo, muitos consumidores têm como expectativa receber um veículo sem qualquer uso anterior. No entanto, a definição de “zero-km” não implica necessariamente um odômetro zerado. O conceito envolve aspectos legais, técnicos e até logísticos, variando conforme o país e as práticas da indústria automotiva.

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No Brasil, a legislação não estipula um limite exato de quilometragem para que um carro seja considerado novo. O principal critério é o emplacamento: enquanto o veículo não tiver sido registrado junto ao Detran, ele pode ser vendido como “zero-km”, independentemente da distância percorrida. Durante o processo logístico — que inclui movimentações em fábricas, transportes por caminhões-cegonha e manobras em concessionárias — é comum que o veículo já acumule alguns quilômetros antes de chegar ao cliente.
Esse padrão não é exclusivo do Brasil. Em países como a Alemanha, a norma permitia até 2023 que veículos com até seis meses de fabricação ou até 6.000 km rodados fossem classificados como novos. A partir de 2024, a legislação passou a considerar como “zero-km” apenas os carros com até 1.000 km rodados e até oito meses desde a fabricação. Já nos Estados Unidos, a definição se concentra na entrega ao cliente: o carro pode ter até 483 km rodados, desde que tenha sido movimentado apenas para testes ou transporte.
A Lei Ferrari, que regulamenta a comercialização de veículos novos no Brasil, também estabelece que é proibida a revenda direta de carros “zero-km”. No entanto, permite transferências entre concessionárias da mesma rede e veículos destinados à exportação.
Embora não haja um padrão global sobre a quilometragem permitida, a transparência na relação entre concessionária e cliente é essencial. Caso o consumidor identifique uma quilometragem excessiva, pode questionar se houve uso indevido ou desgaste incompatível com o conceito de veículo novo. É importante considerar o contexto da rodagem — como transporte e procedimentos de inspeção — antes de levantar suspeitas.
Em resumo, o status de “zero-km” vai além do número no odômetro: envolve registro, logística e regulamentação local. Para garantir uma compra segura, o consumidor deve estar atento à legislação vigente em seu país e aos dados fornecidos pela concessionária.
Com informações News Motor.