Empresa Avanço afunda ainda mais o transporte da região metropolitana de Salvador

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Por Emerson Pereira – Foto Ícaro Chagas

A crise no transporte da Região Metropolitana de Salvador ganhou mais um triste capítulo na última quarta-feira (9). A empresa Avanço Transportes, velha conhecida dos usuários por problemas recorrentes, suspendeu de forma repentina a linha Terminal Águas Claras x Candeias, deixando centenas de passageiros sem qualquer alternativa ou explicação. No mesmo dia, à noite, o caos se espalhou: usuários da linha Camaçari x Estação Mussurunga, também operada pela Avanço, realizaram um protesto na estação após esperarem por horas sem ônibus.

A falta de aviso, o descaso com os passageiros e a ausência de resposta imediata escancaram um problema crônico: o colapso silencioso do transporte metropolitano.


Reclamações se acumulam. Soluções não aparecem.

O SóMob recebe com frequência relatos de passageiros que dependem das linhas operadas pela Avanço. Os problemas são sempre os mesmos:

Atrasos frequentes, sem qualquer justificativa ou comunicação;

Frota sucateada, com veículos quebrando no meio do caminho, soltando fumaça e circulando em péssimo estado;

Superlotação, especialmente nos horários de pico, em ônibus visivelmente mal conservados.

Pior do que enfrentar tudo isso diariamente é a sensação de abandono completo por parte da fiscalização pública, especialmente da Agerba, responsável por regular o serviço — mas que parece atuar apenas no papel.


Falta de licitação: um sistema sem rumo

A raiz do problema é estrutural. O governo do estado nunca realizou uma licitação para organizar o transporte na região metropolitana. A operação segue sendo feita com contratos precários, sem garantias, metas ou punições claras.

Empresas como a Avanço se aproveitam desse vácuo de regulação para operar da forma que quiserem — suspender linhas, manter ônibus em estado lastimável e deixar a população à própria sorte.


O caos é diário. Mas só vira notícia quando explode.

A paralisação repentina da linha e o protesto em Mussurunga são apenas o reflexo mais visível de uma crise que já virou rotina. Passageiros denunciam, cobram, protestam. E nada muda.

Enquanto o governo não realiza uma licitação séria e a Agerba não assume a responsabilidade que lhe cabe, o sistema metropolitano segue entregue à própria sorte — nas mãos de empresas que não têm compromisso algum com o serviço público.

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