Por Emerson Pereira – Foto Marcello Santtos/Ônibus Brasil
O transporte público na Região Metropolitana de Salvador (RMS) atravessa uma crise estrutural que se arrasta há anos, com impactos diretos na vida de milhares de trabalhadores, estudantes e moradores periféricos. A operação, hoje, está reduzida a apenas cinco empresas — Expresso Vitória, Atlântico, Avanço, Expresso Metropolitano e ATP — sobreviventes de um sistema cada vez mais deficitário. Empresas tradicionais como BTM, Costa Verde, Brisa, Cidade das Águas, VSA e Nova Viação já abandonaram a operação, vítimas de um modelo econômico insustentável e de uma gestão pública que insiste em adiar soluções estruturais.
A integração entre ônibus metropolitanos e metrô, concebida como um avanço, tornou-se o ponto de desequilíbrio. Sem um sistema de compensação financeira robusto, as operadoras arcam com prejuízos que comprometem a renovação da frota, o cumprimento de horários e a qualidade mínima exigida por lei. O resultado está nas ruas: ônibus velhos, mal conservados, com quebras frequentes e superlotação crônica.
Enquanto isso, municípios como Lauro de Freitas permanecem omissos na criação de sistemas urbanos locais que poderiam aliviar a pressão sobre o transporte metropolitano. A inexistência de linhas alimentadoras entre os bairros e o Terminal Aeroporto é um exemplo da ineficiência na articulação regional, onde o transporte segue tratado como um custo e não como um vetor de desenvolvimento.
Acordo Emergencial: Resolução de Curto Prazo
Em fevereiro de 2025, um acordo emergencial foi firmado entre o Governo da Bahia, o Ministério Público e as empresas operadoras, com contratos temporários de até 12 meses. Além disso, um projeto de lei em tramitação na Assembleia Legislativa prevê subvenção de até R$ 30 milhões para mitigar os prejuízos operacionais e garantir a continuidade dos serviços. Apesar de necessária, a medida não enfrenta o cerne do problema: a ausência de um planejamento integrado e de um marco regulatório eficaz.
Conclusão: O Limite Foi Alcançado
O transporte metropolitano está no limite do colapso — e a sociedade já paga essa conta com tempo, desconforto e insegurança. A continuidade dessa situação não é mais uma possibilidade técnica: é uma escolha política. Medidas paliativas como subvenções e contratos emergenciais podem estancar a sangria por um tempo, mas não reconstroem o sistema. A única resposta aceitável é a implementação imediata de uma licitação definitiva, com metas claras de desempenho, fiscalização rigorosa, equilíbrio econômico-financeiro e foco na experiência do usuário.