No encerramento do Summit Mobilidade 2025, o diretor de sustentabilidade da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Henry Joseph Júnior, apresentou um estudo que detalha o papel da indústria automotiva na descarbonização e as possibilidades de transição energética no Brasil.

Foto: Helcio Nagamine/Estadão.
O impacto ambiental do setor automotivo
O levantamento, realizado em parceria com o Boston Consulting Group (BCG), destacou que o transporte representa 13% das emissões totais de CO₂, ficando atrás da agropecuária (37%) e do uso da terra e florestas (29%). Segundo Joseph, embora o transporte rodoviário responda por 94% dessas emissões, ele não é o vilão do meio ambiente, mas parte da solução para a redução do impacto ambiental.
O Brasil é um dos países líderes em pesquisas de biocombustíveis, e o setor automotivo nacional tem investido mais de R$ 100 bilhões em novas tecnologias para acelerar a transição energética. Em 2023, 4,5% dos automóveis vendidos eram eletrificados, com destaque para os modelos híbridos, que vêm impulsionando essa revolução.
O futuro da eletrificação e os desafios do Brasil
O estudo da Anfavea comparou as projeções da eletrificação automotiva em grandes mercados:
- Estados Unidos: Em 2023, 13% da frota era híbrida e 7% elétrica. A previsão é que, até 2035, os elétricos representem 65% e os híbridos 6%.
- China: O país terá 82% da frota composta por veículos elétricos em 10 anos, contra 12% de híbridos.
- Europa: O mercado europeu será quase totalmente elétrico em 2035, com 93% de elétricos e apenas 6% de híbridos.
Já no Brasil, 40% da frota atual tem mais de 10 anos, o que dificulta a renovação para modelos menos poluentes. Muitos desses veículos ainda utilizam tecnologia flex, mas foram fabricados sob legislações de emissões mais permissivas.
Alternativas além dos elétricos
O estudo aponta que a expansão do setor na descarbonização precisa considerar um conjunto de fatores, como regulamentações, cadeia de suprimentos, infraestrutura e incentivo aos biocombustíveis.
A produção de combustíveis renováveis terá papel crucial na transição, com alternativas como etanol de primeira e segunda gerações, biodiesel, diesel verde e biometano. Além disso, há investimentos no desenvolvimento de hidrogênio verde, que pode ser um elemento-chave para o futuro da mobilidade sustentável no país.
Projeções para 2040
- 35% a 40% da frota de veículos leves deverá contar com novas tecnologias.
- 15% a 19% dos veículos pesados também terão sistemas menos poluentes.
- Os biocombustíveis podem reduzir as emissões de CO₂ em até 50%, ajudando a evitar a liberação de 280 megatoneladas de gases de efeito estufa até 2040.
A Anfavea reforça que uma transição eficiente depende de um ecossistema sustentável, incluindo infraestrutura de recarga, ampliação da produção de etanol e biodiesel, e maior geração de energia elétrica.
O estudo evidencia que o Brasil não precisa seguir um único caminho para a descarbonização, mas sim adotar múltiplas rotas, combinando eletrificação e combustíveis renováveis para garantir uma mobilidade mais limpa e acessível.
Com informações do Estadão Mobilidade.