Entrevista – Fábio Primo, diretor do Sindicato dos Rodoviários da Bahia

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Salvador enfrenta mais uma vez a possibilidade de paralisação dos rodoviários, uma das categorias profissionais mais importantes para o funcionamento da cidade. A campanha salarial deste ano, conduzida pelo sindicalista Fábio Primo, busca a valorização dos trabalhadores e a garantia de direitos que, segundo a categoria, estão sendo ameaçados nas negociações com os empresários do setor.

Fábio Primo, liderança reconhecida entre os rodoviários, atua com firmeza e disposição no diálogo em defesa dos interesses da categoria, destacando-se pelo histórico de mobilização, mas também pela busca constante por soluções negociadas. Neste momento, o sindicato denuncia a ausência de avanços concretos após meses de negociação.

As principais reivindicações da categoria incluem o reajuste salarial com ganho real e a ampliação do tíquete alimentação. O sindicato demonstra disposição para o diálogo, reduzindo a pauta inicial de 32 para 16 itens e reforçando que tentará até o último momento evitar a paralisação.

Sob a ótica do direito trabalhista, a greve é um instrumento legítimo dos trabalhadores para pressionar por melhores condições de trabalho e garantir direitos historicamente conquistados. Entretanto, é também necessário considerar o impacto significativo que uma paralisação do transporte coletivo causa na vida de milhares de pessoas que dependem diariamente do sistema para estudar, trabalhar e acessar serviços essenciais.

O impasse evidencia a necessidade de equilíbrio: de um lado, a justa luta dos rodoviários por condições dignas e valorização profissional; de outro, o direito da população a um transporte público regular e eficiente.

A expectativa agora se volta para a audiência de dissídio marcada no Tribunal Regional do Trabalho, onde se busca uma solução negociada que contemple as necessidades dos trabalhadores, respeite os limites das empresas e preserve o interesse público.

O momento é de diálogo, responsabilidade e sensibilidade social por parte de todos os envolvidos, para que se evite o agravamento do cenário e se alcance um acordo justo e sustentável.

Leia na íntegra a entrevista realizada pelo SóMob com Fábio Primo.  

Repórter SóMob: O que motivou a categoria a considerar uma nova paralisação nesta quinta-feira?

Fábio Primo: Estamos em campanha salarial, finalizando. Fizemos desde o final de março negociando com os empresários, sem avanço nenhum. Tivemos três mediações na Superintendência Regional do Trabalho, sem uma contraproposta. Na verdade, houve sim uma contrapauta dos empresários de retirada de direitos, como um domingo da nossa folga e um plano de saúde querendo implementar com compensação de hora no rigor da lei. Somos contra, lembrando que no ano passado a gente conseguiu derrubar a compensação de horas.

RS: Quais são as principais reivindicações que ainda não foram atendidas pelos empresários?

FP: A gente tem uma pauta com 32 itens, reduzimos para 16, mas estamos abertos à rediscussão. Temos pontos que precisamos debater: pedimos um reajuste salarial — a inflação mais 5% de ganho real; o tíquete, 10%; que os trabalhadores possam fazer a licença sem remuneração, da mesma forma a permuta. E, se a gente não conseguir, que dê fim no contrato parcial, que ele diminua e assim, gradativamente, a gente venha encerrar esse contrato parcial, que é muito danoso para os trabalhadores.

RS: Existe alguma possibilidade de acordo nas próximas horas para evitar a greve?

FP: A gente tenta e vamos tentar até o último minuto com que essa greve não aconteça. Peço aqui o apoio do secretário de Mobilidade, Pablo Souza, e do prefeito Bruno Reis, para que resolvam esse problema. Em outrora, foi resolvido, muitas vezes, na Secretaria de Mobilidade junto com a Prefeitura. Confiamos muito, já que, na próxima quarta-feira (28), às 11 horas da manhã, temos uma audiência de dissídio no Tribunal Regional do Trabalho. Estamos confiantes que venha uma proposta decente para que a gente possa defender.

RS:  Caso a paralisação se confirme, quais serviços essenciais devem ser mantidos durante a greve?

FP: Caso venha a ter a greve, existe a Lei de Greve, com os serviços essenciais, que os empregadores e empregados têm que sentar e ver de que forma. Mas isso a gente vai aguardar a decisão judicial, e o nosso jurídico estará pronto para discutir.

RS: Qual a mensagem do sindicato para a população que depende do transporte público diariamente?

FP: Estamos tentando até o último minuto com que essa greve não aconteça. Peço aqui o apoio do secretário de Mobilidade, seu Pablo Souza, e do prefeito Bruno Reis, que já resolveram em outras oportunidades problemas como esse. Estamos confiantes que venha uma proposta decente para que a gente possa defender.

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