Nomeação na PortosRio preocupa setor de mobilidade e logística

0
1

Foto: Divulgação PortosRio

A possível indicação de Wagner Carneiro, o Waguinho, ex-prefeito de Belford Roxo, para o comando da autoridade portuária do Rio de Janeiro, acendeu o alerta entre representantes do setor de mobilidade e logística no Brasil. O setor teme impactos negativos em uma área estratégica para a movimentação de cargas e desenvolvimento da infraestrutura logística do país. A gestão dos portos é considerada sensível, não apenas pelo volume de recursos movimentados por tarifas de embarque e desembarque, mas sobretudo por sua importância como porta de entrada e saída de mercadorias essenciais para a economia nacional.

A PortosRio, antiga Companhia Docas do Rio de Janeiro, administra os portos de Itaguaí, Angra dos Reis, Niterói e Cabo Frio. A eficiência e a transparência nessas unidades impactam diretamente as cadeias de suprimentos, o comércio exterior e o transporte de insumos para diferentes setores produtivos. Por isso, a possível nomeação de um dirigente partidário ao comando da estatal preocupa entidades que atuam diretamente na área.

A Associação Brasileira de Usuários de Portos, de Transportes e Logística (Usuport) enviou ofício ao Ministério de Portos e Aeroportos questionando a legalidade da indicação. A entidade destacou que a Lei das Estatais exige um período de quarentena de três anos para que dirigentes partidários assumam cargos em empresas públicas — critério que não seria atendido por Waguinho, presidente estadual do Republicanos desde 2023. A associação alertou para riscos de questionamentos legais futuros que poderiam comprometer a credibilidade do ministério e da própria gestão portuária, prejudicando a fluidez das operações logísticas.

Além das preocupações técnicas e legais, o nome de Waguinho carrega um histórico político controverso. Sua relação próxima com o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o fato de ser alvo de inquérito da Polícia Federal sobre suspeitas de fraudes em compras de livros didáticos quando era prefeito aumentam a resistência à sua nomeação, inclusive dentro do próprio PT. O movimento é visto como uma tentativa de acomodação política, já que Waguinho corre o risco de perder o comando do diretório estadual do Republicanos, alvo de disputa interna com setores ligados à Igreja Universal.

Embora a indicação ainda dependa da aprovação do Conselho de Administração da PortosRio, o avanço desse processo em uma área vital para a logística nacional levanta discussões sobre a necessidade de critérios técnicos e imparciais na gestão de estruturas essenciais à competitividade do Brasil.

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here